E na Virada Cultural 2008, ainda fresca na memória, viramos as 24 horas pela segunda vez. Enquanto a primeira Virada Cultural, em 2005, foi atrapalhada pela chuva e me restou um som à distância (não resisti e dei uma volta de carro pela cidade), a segunda, em 2006, foi marcada pelos ataques do PCC e poucas pessoas ganharam as ruas em evento tão nobre. Eu, na ocasião, montei acampamento no Museu do Ipiranga, onde teve Balé da Cidade e um Moraes Moreira sem gosto (talvez pelo clima pesado da cidade). Zé Maria também estava por lá. Para a terceira virada deu tudo certo e a prefeitura caprichou nos eventos pelo centro velho, investindo na diversidade cultural em palcos temáticos. Eu, Zé e Dri nos planejamos dias antes, fizemos uma logística e nos preparamos para todas as 25 horas de música. Foi incrível e foi invejável o fato de todos os eventos terem começado pontualmente no horário marcado. Fizemos 14 shows e no intervalo, antes de fecharmos o dia com a Zélia Duncan, fomos até o Sesc Pompéia para degustarmos um delicioso Café da Manhã com Viola. Soubemos, mas nem de perto sentimos os efeitos da batalha campal que ocorreu na Sé por conta de uns esquentadinhos que assistiam o show dos Racionais MC’s.
Com esta 4ª edição do evento reafirmando a abordagem democrática da edição anterior, trazendo apresentações de diversas vertentes e estilos culturais e artísticos, valorizando, sobretudo, o percurso pelo diverso, o andar despretensioso pelas ruas ocupadas pelo inusitado, eu, o Zé e a Dri nos embrenhamos novamente no projeto de virarmos todas as 25 horas de evento. E foi como se existisse uma multidão em mim. Não digo apenas dos átomos que me refazem a cada instante e que a cada instante me formam em novas combinações do que eu deixei de ser minutos atrás, mas digo da possibilidade de flanar mundo afora em toda esta cadeia de eventos e emoções decorrentes.
A magnitude do Teatro Municipal, com seus shows de primeira linha, foi deixada para trás. Optamos por conhecer o desconhecido ou assistir aquilo que não nos era comum, além de alguns clássicos entrarem na agenda. Daí a opção de pular o Mercado Caipira, na certeza de que nossos amigos nos compreenderiam, como de fato. E se não faz meu estilo acordar uma hora mais cedo em busca de chapinhar os cabelos, não haveria outra forma de eu flanar pelas ruas do centro. Com os palcos mais próximos uns dos outros, seguiu-se uma lista interminável do que curtir. Além das passadas rápidas por palcos e artistas, considerando um mínimo de 30 minutos em cada evento, a noite contou com Cesária Évora, O Terço, Nelson Ned, Casa das Máquinas, Marina de La Riva, Rockabilly, Antonio Carlos e Jocafi, Juana Duah, Maria Alcina, Clara Moreno, Trio Flor da Manhã, Quasímodo, O Teatro Mágico, Velha Guarda da Camisa Verde, Quinteto Violado, Bruna Caram, Arnaldo Antunes, Orquestra Imperial, Miele e Giana Viscardi, Fernanda Takai, e Ultrage a Rigor. Na trave tentamos um Zé Ramalho (muito cheio) e Vanguart (pegamos apenas a última música).
Depois de Cesária Évora e O Terço, brilhantes, “tudo passa, tudo passará”, Nelson Ned, em playback total foi absolutamente divertido, pelo menos nos detalhes. No palco do rock, com Casa das Máquinas, que sufoco danado o da moça drogada e o cheiro de crack no ar que nos levou direto para o Palco das Meninas com Marina de La Riva. Outra gente, outro som. Mais dançante foi a Canja com Rockabilly, twist again. Já a personalidade forte de Maria Alcina foi marcada pelas meninas se beijando à nossa frente e pelos meninos se beijando à nossa traseira. Bom que empata e não aumenta a concorrência. Lá no Arouche, Antonio Carlos e Jocafi na boca da nostalgia deu o tom para Joana Duah, no palco delas, que vozeirão. De Clara Moreno fomos direto para o repeteco do Café da Manhã, no SESC Pompéia, desta vez com o trio Flor da Manhã, nem tão encantado quando a viola do ano anterior, mas ainda dando o tom. Voltamos ao centro em tempo para pegarmos o finalzinho do divertidíssimo Quasímodo. No clima, O Teatro Mágico e seu público jovem internetês de classe média, média alta, estampados em camisetas com frases da trupe e letras em coro, decoradíssimas, confirmava os novos os ídolos dos jovens e só me fazia esperar a entrada dos meus ídolos de adolescência, Arnaldo Antunes e Ultrage a Rigor, cada um na sua época. Antes, na espera deste encerramento fantástico, a Velha Guarda num sol de ferver miolos e os pernambucanos do Quinteto Violado. Depois do frevo a Bruninha-inha Caram perdeu o brilho, menininha-inha demais. A Orquestra Imperial, o Miele e a Giana abriram o apetite para Fernanda Takai, nem tão inha assim, mas gravidinha. Óquei, dou um desconto, mesmo porque nós queríamos mesmo era invadir a sua praia, e fizemos debaixo dos holofotes dos helicópteros de notícias.
É, ainda bem eu não acordo uma hora mais cedo para chapinhar os cabelos num modelo paty. É que o modelo paty não combinaria com a desarrumação deixada no meu corpo pós virada. Isso é para poucas, mas eu também não sou mulher para muitos. Diferenças.
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A Virada Cultural de São Paulo foi inspirada nas Noites Brancas (Nuit Blanche) parisienses (realizadas desde 2002 para marcar o final do verão na capital francesa), que por sua vez se inspirou no evento alemão Noite Longa dos Museus (Lange Nacht der Museen), realizado em Berlin desde 1997. A versão tupiniquim está em sua 4ª edição na capital paulista e se espalha pelo interior do estado, segundo consta, no dia 17 de maio.
Com esta 4ª edição do evento reafirmando a abordagem democrática da edição anterior, trazendo apresentações de diversas vertentes e estilos culturais e artísticos, valorizando, sobretudo, o percurso pelo diverso, o andar despretensioso pelas ruas ocupadas pelo inusitado, eu, o Zé e a Dri nos embrenhamos novamente no projeto de virarmos todas as 25 horas de evento. E foi como se existisse uma multidão em mim. Não digo apenas dos átomos que me refazem a cada instante e que a cada instante me formam em novas combinações do que eu deixei de ser minutos atrás, mas digo da possibilidade de flanar mundo afora em toda esta cadeia de eventos e emoções decorrentes.
A magnitude do Teatro Municipal, com seus shows de primeira linha, foi deixada para trás. Optamos por conhecer o desconhecido ou assistir aquilo que não nos era comum, além de alguns clássicos entrarem na agenda. Daí a opção de pular o Mercado Caipira, na certeza de que nossos amigos nos compreenderiam, como de fato. E se não faz meu estilo acordar uma hora mais cedo em busca de chapinhar os cabelos, não haveria outra forma de eu flanar pelas ruas do centro. Com os palcos mais próximos uns dos outros, seguiu-se uma lista interminável do que curtir. Além das passadas rápidas por palcos e artistas, considerando um mínimo de 30 minutos em cada evento, a noite contou com Cesária Évora, O Terço, Nelson Ned, Casa das Máquinas, Marina de La Riva, Rockabilly, Antonio Carlos e Jocafi, Juana Duah, Maria Alcina, Clara Moreno, Trio Flor da Manhã, Quasímodo, O Teatro Mágico, Velha Guarda da Camisa Verde, Quinteto Violado, Bruna Caram, Arnaldo Antunes, Orquestra Imperial, Miele e Giana Viscardi, Fernanda Takai, e Ultrage a Rigor. Na trave tentamos um Zé Ramalho (muito cheio) e Vanguart (pegamos apenas a última música).
Depois de Cesária Évora e O Terço, brilhantes, “tudo passa, tudo passará”, Nelson Ned, em playback total foi absolutamente divertido, pelo menos nos detalhes. No palco do rock, com Casa das Máquinas, que sufoco danado o da moça drogada e o cheiro de crack no ar que nos levou direto para o Palco das Meninas com Marina de La Riva. Outra gente, outro som. Mais dançante foi a Canja com Rockabilly, twist again. Já a personalidade forte de Maria Alcina foi marcada pelas meninas se beijando à nossa frente e pelos meninos se beijando à nossa traseira. Bom que empata e não aumenta a concorrência. Lá no Arouche, Antonio Carlos e Jocafi na boca da nostalgia deu o tom para Joana Duah, no palco delas, que vozeirão. De Clara Moreno fomos direto para o repeteco do Café da Manhã, no SESC Pompéia, desta vez com o trio Flor da Manhã, nem tão encantado quando a viola do ano anterior, mas ainda dando o tom. Voltamos ao centro em tempo para pegarmos o finalzinho do divertidíssimo Quasímodo. No clima, O Teatro Mágico e seu público jovem internetês de classe média, média alta, estampados em camisetas com frases da trupe e letras em coro, decoradíssimas, confirmava os novos os ídolos dos jovens e só me fazia esperar a entrada dos meus ídolos de adolescência, Arnaldo Antunes e Ultrage a Rigor, cada um na sua época. Antes, na espera deste encerramento fantástico, a Velha Guarda num sol de ferver miolos e os pernambucanos do Quinteto Violado. Depois do frevo a Bruninha-inha Caram perdeu o brilho, menininha-inha demais. A Orquestra Imperial, o Miele e a Giana abriram o apetite para Fernanda Takai, nem tão inha assim, mas gravidinha. Óquei, dou um desconto, mesmo porque nós queríamos mesmo era invadir a sua praia, e fizemos debaixo dos holofotes dos helicópteros de notícias.
É, ainda bem eu não acordo uma hora mais cedo para chapinhar os cabelos num modelo paty. É que o modelo paty não combinaria com a desarrumação deixada no meu corpo pós virada. Isso é para poucas, mas eu também não sou mulher para muitos. Diferenças.
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A Virada Cultural de São Paulo foi inspirada nas Noites Brancas (Nuit Blanche) parisienses (realizadas desde 2002 para marcar o final do verão na capital francesa), que por sua vez se inspirou no evento alemão Noite Longa dos Museus (Lange Nacht der Museen), realizado em Berlin desde 1997. A versão tupiniquim está em sua 4ª edição na capital paulista e se espalha pelo interior do estado, segundo consta, no dia 17 de maio.