Vamos combinar que não é só a arte e a cultura que precisam estar em constante movimento. As pessoas também, principalmente aquelas que fazem a arte e a cultura.
Nunca monótonas nem presas à mesmice, arte e cultura estão sempre inovando e sempre contam com um ritmo diferente, com uma nova dança das cadeiras. E vamos combinar, tem espaço pra todo mundo, é só pedir licença: poética, artística, musical. Literária.
E vamos combinar que em vez de produzir ciúmes porque fulano está sob os holofotes, muito mais saudável é levantar a bunda da cadeira e ir lá fazer a diferença. É, vamos combinar que a política tem, muitas vezes, o infortúnio de limitar a arte e cultura para alguns, para poucos. Mas nem sempre, e tem muitas ações governamentais bacanas, só não vê quem não está afim. Quem reclama por reclamar. Quem se coloca à margem e quem é do contra. Não é suficiente? Não é e é muito bom esse sempre querer mais. É ele que põe o mundo da arte e da cultura para girar, que põe em debate. Lei Rouanet. Editais de Fomento. Ações do Ministério da Cultura. Reforma. Bora levantar a bunda da cadeira, deixar o desfile de vaidades de lado, o ciúme e colocar mais uma peça na engrenagem?
Vamos combinar que os holofotes da arte e da cultura são generosos, não se pode negar. Sobre suas luzes é possível aplaudir e vaiar de um tudo. Tem poesia boa e tem poesia ruim, tem prosa boa e tem prosa ruim. Tem crônica e tem conto, bons e ruins. Tem ensaio e tem dança, moderna, contemporânea, axé, funk, punk. Tem a literatura marginal, aquela que é comercial e a não-comercial, aquela que compreendida e a outra, incompreendida. Tem aquela de frases curtas, que virou estilo e está na moda. Tem as de frases longas, clássicas e neoclássicas. Tem novela, tem ficção, tem bolero e rock´n roll. Tem moda de viola, tem cultura caipira, tem cultura sertaneja, tem cultura retirante, tem cultura paulistana. Por aí vai, vamos combinar que espaço tem, e mistura, e samba-rock, e jornalismo literário, e crônica poética, e contação de causo.
Então vamos por os pontos nos is e fechar logo o tema: se a montanha não vai até Maomé, é preciso que Maomé vá até a montanha. Tem jeito não. Os holofotes acompanham o que está em movimento. Uma mistura de cores, sons e letras. Até quando artista vai se fechar num eu sou melhor que você e travar o eixo de rolamento? O inverso, formar grupos de elogios, amigo de amigo e coisa e tal também engripa. É que nesse caso a arte e a cultura giram-giram sem sair do lugar, a roda-gigante engasga e o trepa-trepa desmonta.
Vamos combinar que o buraco é mais embaixo. Que a arte e a cultura não podem depender apenas de ações do governo ou de grandes empresas que descontam seus impostos de renda, mais uma vez o governo. Que a arte e a cultura não podem depender de suas próprias vaidades, nem de ciúmes. Que a arte e a cultura precisam de uma reforma de pessoa para pessoa, respeitando-se as diferenças. Que deveria haver uma causa maior envolvida em tudo isso e que tudo isso depende não só das ações do Estado, mas também do cidadão, para que a ele pertença.
E vamos combinar que estamos todos no mesmo pacote e que esperar vir de algum lugar não vai levar ninguém a lugar algum. É, pois é! Bora levantar a bunda da cadeira, deixar o desfile de vaidades de lado, o ciúme e colocar mais uma peça na engrenagem?
Eu coloquei este post no meu outro blog, o Cinco de Outubro, mas acho que ele cabe aqui também. Afinal, uma coisa leva a outra, não é mesmo? Então, voilá: