Eles voltaram, luzes, aplausos, fogos de artifício, imensas filas de fâs para adquirir os novos velhos e bons elepês . As antigas oficinas de conserto de vitrolas toca discos reabrem as portas e os técnicos de antigamente suspendem a aposentadoria compulsória.
“Menos, menos tio”. Tá bom vai, mas no lançamento dos vinis da Pitty e da Fernanda Takai a galera estava lá e muitos exibiam os elepês, recém adquiridos, como um verdadeiro troféu. O curioso, curioso?, é que muitos não possuem o aparelho para ouvi-los. Engraçado é que, como nos velhos tempos em que nem “todos possuíamos” os aparelhos e era feito um rodízio de casas para a audição dos discos. Os “aparelhos” eram enormes, um móvel no sentido amplo da palavra, que fazia parte de um conjunto com o rádio de válvulas e de várias “faixas de onda”. As famosas “ondas curtas” era para ouvir as rádios, principalmente do Rio. O toca discos portátil surgiu, acho, que na década de setenta podendo ser “tocado” com eletricidade e a pilhas. A “libertação” das casas estava dando os primeiros passos e o prazer de ouvir os discos era levado para as praças e aos piqueniques na beira dos rios.
O long play “voltou” na Europa, Japão e Estados Unidos há um bom tempo com nova prensagem dos antigos lançamentos. Aqui em São Paulo, na famosa livraria do Conjunto Nacional estão à venda relançamentos de discos originais de Bob Dylan, Michael Jackson e outros. No Brasil é a reativação da única fábrica existente que havia fechado as portas em dois mil e sete. Foi comprada, as máquinas e prensas foram “recauchutadas” e está pronta para uma produção de perto de trinta mil unidades por mês com previsão inclusive de exportação.
A loja Baratos Afins, lá nas Grandes Galerias, da Avenida São João, galeria agora famosa no Brasil graças à novela das sete, é uma das mais conhecidas na venda de discos de vinis, CDs e DVDs e o proprietário informa quer oitenta por cento das vendas são de elepês. A venda de CDs e DVDs está bem baixa, motivada pela pirataria e pela facilidade de baixá-los via internet. Os compradores de vinis são os de cabelos brancos e também de muitos jovens que descobrem agora o charme, a qualidade, a criatividade das capas, dos encartes, enfim de muitas informações ali contidas. Procura grande também pelos “dijeis”.
Em Sampa o mercado é bem grande, com lojas, ainda, que só vendem os discos de vinis e, vale aqui, a recomendação do filme Durval Discos, da diretora Ana Muylaert em que o proprietário da loja, no bairro de Pinheiros se recusa a vender CDs e DVDs.
Para uma manhã de chuva fininha de outono, a quase garoa paulistana, permito-me uma “viagem”, a volta dos vinis, e das flores na letra de Paulo Soledade. Ouço-a, no momento apenas a musica, ao som da Bandinha do Altamiro Carrilho. Na vitrola, claro.
Vê, estão voltando as flores
Vê, nessa manhã tão linda
Vê, como é bonita a vida
Vê, há esperança ainda
Vê, as nuvens vão passando
Vê, um novo céu se abrindo
Vê, o sol iluminando
Por onde nós vamos indo.