Nos tempos do interior de antigamente o artista que
pintava quadros, de paisagem ou, não, ou, até principalmente de
paisagens, fazia desenhos em papel, no caderno escolar, na parede do quarto era chamado de
pintor. E todos sabiam e entendiam perfeitamente a diferença quando
alguém precisava do pintor de paredes e, todos sabiam e entendiam
perfeitamente, que era para pintar residencias, lojas e escolas. Era tudo
muito claro quando se referiam ao pintor Zé Melo, especialista na pintura
de casas residenciais e de comércio, ou ao pintor Trajano, especialista em pinturas de
paisagens e algumas que chamava, já naqueles tempos, de abstrata. Mesmo o
Nenico, um dos primeiros a se especializar na pintura de muros com
nomes de lojas, candidatos a prefeito e vereadores e fazia o contorno das
letras com rápidos e hábeis toques do pincel era considerado um
pintor e não de paredes. Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral,
Volpi, Michelangelo, Van Gogh, Picasso eram pintores e assim nós
aprendemos, naquele tempo já na escola pública. Nos dias
de hoje, muito provável seriam chamados de artistas plásticos.
O Sakae
Tokumoto é artista plástico, pode ser também chamado de pintor, de
quadros, de paisagens. Conceitos e definições à parte ele é um artista
da mais rara sensibilidade. O Joca Ramiro comentou, em postagem
anterior, as pinturas do Sakae transformadas em um vídeo: "são muitos os artistas, paulistanos de raiz ou não, que se
empenham em registrar artisticamente a impressão que lhes causa
São Paulo. Na literatura, música, artes plásticas, cinema, são
abundantes as referências que fazem de Sampa, a Musa.
Nesta oportunidade, queremos registrar o trabalho, o esforço e a
técnica sensível de Sakae Tokumoto, um autêntico “paulistano por
adoção”, que retratou a Mooca antiga a pincel e nanquim."
Ali eram desenhos do tradicional bairro paulistano da Mooca,
para onde o Sakae se mudou aos cinco anos de idade, vindo da cidade
paulista de Votorantim onde nasceu, filho de imigrantes agricultores japoneses. Em São Paulo cursou a Faculdade de
Belas Artes, fez cursos com grandes mestres, participou e participa de
várias exposições coletivas e individuais e é também retratista,
cenógrafo e arte educador.
Aqui mostramos o vídeo O Campo /
Reminiscências com desenhos das imagens guardadas na memória da infancia
das bandas do interior. Direção e edição da Graziella Hessel que é sua
esposa e cantora e compositora das mais inspiradas.
É "uma verdadeira
poesia
visual ao som do violão do Toquinho."