O nosso Ser Tão Paulistano também é feito de blues, do mais puro
possível e, aqui neste causo, a referência maior é B. B. King. É um dos
maiores e, já carrega no nome, o título de rei do blues. Aqui no Brasil já é,
carinhosamente, chamado de "arroz de festa" pelas várias vezes em que aqui esteve e por gostar, segundo declarou, de se apresentar ao
público brasileiro. Mais uma vez por aqui está, aos oitenta e sete anos,
encerrando a temporada de The blues is my life.
Em uma dessas passagens
se apresentou ao ar livre no Parque do Ibirapuera em um domingo de
manhã. Comentários musicais neste instante são totalmente dispensáveis
... afinal “falar o quê”, após ver o Mito e a sua Lucille?. Terminado o
espetáculo saimos, as centenas de fãs, calma e tranquilamente pelo
parque para não interromper o estado de total felicidade e emoção. Neste
momento a paz do parque foi interrompida pelo som de sirenes e vimos
que era a Guarda Municipal, responsável pela escolta de B.B. King, que
tinha se perdido pelos caminhos do enorme Parque do Ibirapuera e não
sabia encontrar a saida.
Vendo o carro que conduzia B.B. parado nos
aproximamos e, como bons tupiniquins, fazendo o sinal de positivo e
dizendo: " hello B.B, tank you". O Rei que à principio pareceu assustado
logo entendeu que era uma pacífica aproximação de fãs e respondeu aos cumprimentos
e sinais de positivo com um tranquilo e agradecido sorriso. Nesse instante um dos guardas, totalmente
despreparado e mal informado, preocupado com a integridade do
escoltado, sacou o revolver e ameaçou atirar para o alto para impedir a
nossa aproximação. O guarda foi de imediato inteiramente desmoralizado
pois começamos a rir, e dizer: “take easy, brother”, "somos de paz, só
estamos comemorando o momento". Algum superior retirou o guarda, achou o
caminho da saída e enfim, seguiram em frente com a sensação do dever
cumprido.
Foi a chance que tive de ver de perto o ídolo, no meu
“encontro musical” com o mestre do blues. Coisas de fã.