Naqueles
tempos, ainda hoje esporádicamente, lá pelos lados do interior, a gente ouvia, ainda hoje ouve esporádicamente, alguém se
expressando: " que ventania, heim?". Batata !!!!, pensava ou comentava
com os amigos um leitor de Nélson Rodrigues. Lá vinha alguém
cambaleando, naqueles tempos apenas os homens cambaleavam pelas ruas, em
um não ensaiado e individual dois prá lá, dois prá cá. O
"coração traiçoeiro batia mais que um bongô" e junto com as pernas
"tremia mais que as maracas descompassado de amor". Boemios e bêbados
românticos nas ruas a inspirar poetas e os gozadores de plantão, onde o
"brincar com a desgraça alheia", por mais difícil de entender em uma
época de politicamente correto, era saudável, entre amigos e tudo
terminava, muitas vezes, com todos conduzindo o "infeliz" até o portão de sua
casa. Ah, sim, ventania era um vento não muito forte e não muito fraco,
e vice versa, que "ventava" apenas para o apreciador da branquinha.
Ventania também era um goleiro do ABC, negro, magro e que embaixo das
traves voava para agarrar as bolas chutadas pelos adversários e, que se
bem ou mal me lembro, também era um apreciador das noites e das branquinhas e
na volta para casa tinha um dificuldade de se defender das ventanias do
percurso.
Tenho a pretensão que o Tatau, sonhador proprietário do Bar
do Frango, vai compreender esta minha viagem e entenda que tem momentos
em que a "memória volta prá traz" e aconteceu agora quando ele avisa para o próximo sábado a presença do cantador Lucas Ventania. Tenho ainda
a pretensão que o cantador compreenda, como bom mineiro lá de
Alpinópolis, também conhecida como Ventania as minhas divagações.
A
Sonia Gomes, relações públicas e hostess informal do Bar do Frango, "nóis é periferia
mais nóis é chique", conta que que "apesar de ter vivido grande período de sua vida fora do Brasil, Lucas coloca como ponto alto de sua arte as matizes
do sul de Minas, expressando no seu canto a simplicidade do lugar onde
nasceu, localidade bucólica, repleta de serras e cachoeiras. Lucas
gravou três CDs: "Nós é Jeca mais é jóia", "Pedaço de Chão" e "Lucas
Ventania". Mais amadurecido em seu terceiro CD, que leva o próprio nome
do artista, Lucas Ventania realizou um verdadeiro trabalho de pesquisa
histórica e instrumental com relação à música brasileira de raiz, ou
seja, a verdadeira música caipira. Nesse trabalho, o mineiro utiliza
largamente instrumentos típicos da autêntica música do sertão, como a
sanfona e a viola caipira de dez cordas. Ventania, termo que ajuda a
compor seu nome artístico foi adotado em homenagem à sua cidade natal,
Alpinópolis, ou Ventania, como é popularmente conhecida na região. Vale a
pena conferir."
Concordo,o Joca Ramiro, confrade das boas letras aqui do lado também concorda e já confirmou a sua mesa preferida, ao lado do balcão e de frente para o palco.
O Bar do Frango fica na Av. São Lucas, n, 479, quase ao lado da Igreja
de São Lucas. A Avenida São Lucas começa na Luis Inácio de Anhaia Melo,
altura do 5.000. A Avenida do Oratório também é uma boa referência pois
cruza com a São Lucas. Não tem couvert artístico, consumação mínima, wi-fi. Tem preço justo, boa comida, boa musica e bons amigos. Precisa de mais?.