"Sou uma paulistana
apaixonada pelas coisas do Sertão. Embora possa parecer contraditório, apesar
de completamente inserida no contexto urbano, sem qualquer pretensão de abraçar
a lúdica vida do campo, confesso que a música, os hábitos e a cultura do sertão
me atraem constantemente. Gosto da maneira de falar dos nordestinos, da comida
caseira dos mineiros, da aparência dos cantadores regionais e, principalmente,
da música, da poesia e da literatura de tais localidades. Isso tudo sem deixar de amar a cidade grande
onde nasci. A vida na metrópole com sua proximidade a todo tipo de informação é
minha opção de vida, não chegando a me incomodar essa aparente contrariedade.
No entanto, confesso que o que me fez conseguir entender melhor esse pequeno
paradoxo existente no meu modo de ser, dividido pelo cego amor entre a cidade e
o campo, foi deparar com um interessante blogue na internet, de nome “Ser-Tão Paulistano”.
Sim, o “Ser-Tão Paulistano”
é um blogue que fala das coisas do sertão. No entanto, ele foi criado no
contexto da cidade grande. Deliciosamente organizados, seus assuntos vão desde
uma agenda paulistana de eventos que acontecem na cidade e que são voltados à
cultura regional, dicas de passeios temáticos e lúdicos nos arredores da cidade
e até mesmo receitas naturais para tratamento de bronquite.
De forma interessante pude
perceber que a própria estrutura traçada pelos autores do “Ser-Tão Paulistano”
na forma de conduzir os assuntos tratados no blogue, remonta essas minhas
antigas reflexões sobre a possível contrariedade existente entre nascer e morar
na cidade e amar as coisas do sertão. Mais interessante ainda, o blogue me traz
a possibilidade de viver as coisas do sertão que amo imensamente dentro da
própria cidade grande, que também aprecio.
Então, em primeiro lugar,
“Ser-tão Paulistano” ilustra um modo de vida de alguém, ainda que não seja
nascido nesta cidade, mas que esteja tão integrado no contexto de São Paulo, a
ponto de não poder se identificar mais como um indivíduo que é somente
paulistano, mas sim como um cidadão muito
paulistano, mais ainda, um “ser tão
paulistano”, no sentido de intensidade mesmo. Divagando um pouco mais,
podemos perceber que essa análise não se limita ao indivíduo, mas abrange
também à localidade em que ele está inserido: à nossa cidade de São Paulo.
Assim, Sampa passa a ser entendida como um grande sertão, a floresta urbana de
prédios, aço e concreto, que tanto nos assusta e encanta. Encontramo-nos,
então, diante do nosso “sertão paulistano”,
que amamos de forma paradoxal. Finalmente, podemos voltar à ideia mais óbvia,
ao início de toda essa reflexão e ao objetivo maior do blogue “Ser-Tão
Paulistano”, que é também o meu objetivo: o de unir pessoas que amam as coisas
do sertão no seu sentido literal, ou seja, as coisas desse nosso Brasil imenso,
que não se limitam à cidade de São Paulo. Então “Ser-Tão Paulistano” é também o
grupo composto não só por paulistanos, mas sim por todos aqueles que, inseridos
no contexto da metrópole, amam as coisas do sertão mineiro, nordestino, goiano,
amazonense, enfim, que amam o nosso imenso sertão brasileiro...
Desta forma, concluindo,
o blogue “Ser-Tão Paulistano” me abre as seguintes possibilidades: “ser tão
paulistana”, estar completamente inserida nesse nosso “sertão paulistano” e interagir
com pessoas que apreciam as coisas do sertão... Enquanto as férias e a
possibilidade de passar alguns momentos agradáveis em algum sertão do Brasil
estão distantes, vou ficando mesmo por aqui, passeando pelo “Ser-tão
Paulistano” e suas inúmeras possibilidades de vivências culturais."
Soninha Gomes
Soninha Gomes
O Vinícius. o de Morais, disse que "a vida é a arte dos
encontros, embora haja tantos desencontros pela vida" e, com a permissão
do poeta Joel Joca Ramiro, dos desencontros que surgem os encontros e
vice versa, não necessariamente nesta ordem.
O Ser Tão Paulistano
nasceu dos primeiros olhares seguido do encontro no Café Fubá com a
Fernanda e o Giba, o da Viola, ao som do melhor da moda de viola, da
melhor musica regional, da melhor musica brasileira, das boas conversas,
boas risadas e das boas trocas de boas energias. Início, e manutenção,
de grandes amizades com trilha do violão, da viola e da voz do
Oswaldinho, da percussão e voz da Marisa, dos causos contados pelo Giba,
o da Viola, da visita constante, e com direito a "canjas" de músicos,
poetas, artistas, cantadores e cantadeiras. No complemento da noite o
café no bule, coado com coador de pano e o insuperável bolo de fubá
feito pela Marisa. O Café Fubá se foi, desencontro?, e a esperança de
que até o fim do ano estará em funcionamento na Pompéia o novo espaço do
Oswaldinho e da Marisa, reencontro e novos encontros?. Em uma noite de
homenagem ao grande João Bá o encontro com o Joel, Joca Ramiro, que de imediato deixou
o nosso sitio mais rico com seus belíssimos textos. Lembrar Nelson
Rodrigues "a vida como ela é" e a "arte do encontro" com a Soninha só
poderia ter acontecido no Bar do Frango, citado aqui em muitas e muitas
crônicas e "avisos" de apresentações mais do que especiais. Soninha é
paulistana, nascida e criada na zona leste, pelas bandas da Vila Carrão e
Vila Formosa, mora em Santo André por questões profissionais mas não
perde a régua e o compasso, sempre percorrendo os Caminhos de Peabiru,
está sempre por lá, a zona leste, e um pedacinho de lá é o Parque São Lucas
onde se localiza o afamado Bar do Frango. Entre trabalhos academicos, da
labuta de funcionária pública, da organização e divulgação dos eventos
do Bar do Frango, das leituras dos poetas e pensadores sempre sobra um
tempinho, ufa!, para a produção de textos "que manifestam minha visão do mundo". É o
primeiro de muitos a serem postados no Ser Tão Paulistano.
Bem vinda
Soninha. Ah! todos convidados para, no próximo Sarau, ouvirem entre
outras, uma emocionante declamação da poesia de Carlos Drumond de
Andrade pela Soninha, um dos seus poetas de cabeceira.
A cantora
e escritora Graziella Hessel sempre cantando e nos encantando, em todos os sentidos, com sua presença no Bar do Frango pede para "dizer" que: "Sonia
Gomes, a Soninha, adorável articuladora, em menos de dois meses se
destaca na divulgação e apoio aos artistas frequentadores do Reduto
Cultural "Bar do Frango", além de vir também enriquecendo o público de
lá ao lhes apresentar textos e pensamentos de grandes filósofos. Sua
presença eu nomeio de "doce revolução"; sua incorporação ao Espaço, ao
meu ver, trata-se de determinismo histórico: complexidade,
aprofundamento tão necessários às expressões e idéias artísticas.
Soninha,
apaixonada por música. é mestre em Filosofia Política e Bacharel em
Direito, com visão própria sobre o mundo contemporâneo e pensadores. Um
"Salve, Salve" a essa grande guerreira!."