As padarias e os botecos dividem hoje o palco para as livres
manifestações das pessoas com as decantadas redes sociais e, ainda bem,
salve o livre arbítrio, para o bem ou para o mal.
A Virada Cultural em
São Paulo é um dos eventos mais esperados, uma oportunidade de conhecer
principalmente o Centrão, todas as tribos que por aqui habitam, os mais
variados ritmos musicais, espetáculos de dança, artes plásticas, cinema
entre muitas e muitas escolhas. Dezenas de palcos, centenas de atrações
e trez milhões de pessoas à procura de diversão, alegria, cultura,
congraçamento de raças, opiniões, gostos, culturas como um exemplo de
que as pessoas procuram estar juntas e ampliar suas relações. É bonito e
até mesmo emocionante ver, estudar e, principalmente, aceitar a
diversidade das pessoas com suas roupas, seus gestuais, suas alegrias e
tristezas. Criticas existem quanto ao critério em que são escolhidos os
artistas que se apresentam na Virada, as discordâncias estão dentro do
aceitável, mesmo que as críticas partam dos artistas que não foram
escolhídos. Não há efetivamente quem seja contra a realização do evento,
as possíveis partes não escolhidas, pois de uma forma ou de outra a
cultura é o que prevalece. Há os que acham que o dinheiro envolvido
seria mais útil em educação e hospitais e os que assim pensam são
aqueles que não dependem da escola e assistência médica fornecida pelo
estado. Quase certo que frequentam caríssimos espetáculos,
principalmente se houver globais que fazem o convite no programa do
faustão, escolas particulares, planos de assistência médica e consideram
que o "povão" não deve ter oportunidade de aprendizagem e conhecimento.
E ai na segunda feira a repercussão de toda e estrutura montada e todo o
resultado de bom para as pessoas foi esquecido pela enorme repercussão
de atos de bandidagem. A Folha de São Paulo tem a manchete A Virada do
Arrastão e pouco "fala" da parte artística, nas rádios os ouvintes se
manifestam criticando que o evento chamou a atenção dos bandidos, nas
redes sociais as mesmas críticas contrárias à realização da Virada. Um
ouvinte de rádio diz que este evento seria ideal na Suécia e no Japão,
lá existe civilidade, e que no Brasil o povo não sabe se comportar. O
que ele diria do quebra quebra recente em Paris quando os torcedores
comemoraram (?) o campeonato conquistado pelo seu clube?. Pessoas
conversando, alguém cita a violência da virada e está aberto o coral das
opiniões: "que horror", "que vergonha", "onde se viu juntar tantas
pessoas", "não pode ter este tipo de coisa", (tipo de coisa é o evento).
Nesse grupo de pessoas, as quais conheço, ninguém passou pelo menos
por perto, estavam sim em lugares mais seguros, nas suas casas
assistindo o zorra total ou em bares e restaurantes "seguros" Um leitor escreveu para a folha: "fui pela primeira e
última vez na Virada Cultural. Me senti na Idade Média. Desorganizado,
sujo, mal iluminado, sem segurança, fétido, sem criatividade", com toda a
certeza é apenas uma opinião individual, rancorosa e preconceituosa. É
certo que houveram arrastões, assaltos, um jovem morreu, infelizmente,
alguns locais mal iluminados e outras falhas de organização. Propor o
fim do evento, cercar com paredes, restringir o horário, e outras, não é a solução. Cobrar que haja melhor policiamento, que a
prefeitura providencie a iluminação ideal para todos os dias do ano,
estudar formas de melhorar é o que devemos fazer. Não é proibindo a
livre manifestação, o direito de circular que se resolve, o Estado é o
responsável pela segurança, por educação, por trabalho e por cultura.
É
proibido proibir.