No Dia do Compositor, ocorreu-me uma singela homenagem aos compositores, mas acabei por concluir que em se tratando de compositores brasileiros, o espaço de uma postagem seria realmente insuficiente! Somos realmente pródigos e isso nos dá esperança, pois, se pensarmos no país que produz compositores de tão alto nível, só pode mesmo ter um grande destino, quiça realizando a utopia do mestre Darcy Ribeiro, visionário que via no Brasil uma nova Roma! Afinal, dizia ele, que outro povo do mundo teve a ousadia de ter uma Santa sexy? Ore por nós, Iemanjá!
Segue abaixo uns versinhos, simplórios, apenas para lembrar tres grandes artistas: eles não estão mais fisicamente entre nós, mas tem fundas raízes fincadas nos corações das gentes simples do povo, de quem cantaram seus amores, suas dores, suas crenças, suas esperanças!
Viva Dércio Marques!
Viva Atahualpa Yupanqui!
Viva Zeca Afonso!
A MORTE DO POETA
O poeta está morto
morreu o poeta.
Disse alguém
que foi do coração.
Sempre que morre um poeta
é sempre do coração
pois coração de poeta
resiste como titânio
espedaça como pétala.
A tudo pôde enfrentar:
A dor lancinante
e também o tédio.
A fria ambição
o insensível egoísmo;
até o desprezo venceu
só não pôde suportar
a simples realidade
que sem pejo decretou:
Esse amor não é para ti!
Tombou o poeta
Nunca mais diria
"te amo", nunca mais!
O pó lhe cobriu.
Algum dia talvez
De lá da Eternidade
do pó esquecido
Uma semente germine
que talvez se torne árvore
e sob sua sombra
acolherá um errante
triste e desamparado
a desistir do amor.
Tuas raízes silenciosas
Murmurarão um segredo:
Corra, pois inda é tempo
Sempre é tempo de amar!