A brasileira Helena Rizzo foi eleita e melhor chef de cozinha mulher do
mundo. Brasileiros, ufanistas por tradição, comemoramos toda e qualquer
premiação de melhor do mundo até sem saber o que realmente significa e, principalmente, não sendo argentino ou argentina os vencedores.
O prêmio não é pouca coisa
não, é escolha de uma organização que formata o ranking dos cincoenta
melhores restaurantes do mundo. Um dos inúmeros motivos para a escolha
da brasileira é de que ela faz uma comida que "emociona
descontroladamente". Do alto... ou do baixo, do meu conhecimento de
restaurantes, botecos, e afins paulistanos acho que já me senti também
emocionalmente descontrolado. Não ter me manifestado nesses momentos
pode ter sido por ignorância emocional, por falta de sensibilidade ou,
mantendo as minhas origens caipiras, manter-me discreto e emocionalmente controlado para não ser mal
interpretado. Fui criado nos
velhos e bons tempos do arroz com feijão, uma mistura, verduras e
legumes da horta do fundo do quintal e a sobremesa ao alcance de uma
subida nas árvores de mangas, de laranjas ou um cacho de bananas sempre
ao alcance das mãos. A lembrança do prato de comida preparado
carinhosamente pela Dona Judith me emociona descontroladamente.
Não sou dado a frequentar, não por desprezo, os estrelados restaurantes e
me descontrola financeiramente os preços e quantidade. Vejo fotos dos pratos
vencedores com um tiquinho de nada de cada ingrediente que mal dá para
tapar o buraco do dente. Impossível, se for para "matar a fome", um ser
humano, como eu, se sentir satisfeito com a amostra de comida e não
passar antes ou depois em um carrinho de cachorro quente ou naquelas hamburguerias
sempre cheias, estratégicamente situadas próximo dos estrelados. Quando
for novamente ao Ribinha do Assaré, o melhor baião de dois de São Paulo,
vou procurar sentir algumas sensações ou emoções desconhecidas, da
mesma forma quando encarar um churrasquinho grego lá pelas bandas do
Centrão acompanhado do suco grátis de água torneral.
Mas pensando aqui com meu teclado acho que já vi alguém se
descontrolar emocionalmente quando experimentou pela primeira vez o
lanche feito pelo Seu João, aquele do Bar do Seu João, aquele da melhor
calabresa na chapa de São Paulo. A nossa Musa Verdadeira, a cantora,
encantadora, compositora, pesquisadora e outras oras (feminino de
ouros?) Kátya Teixeira reagiu como se interpretando suas belíssimas
canções desde a "primeira mordida" ao apoteótico "que delícia...". Sim
pode partir daquele momento o estudo sobre o emocionar
descontroladamente ao apreciar o melhor da comida. O Seu João, agora
tenho esta ciência, também se emociona descontroladamente ao ver uma
cliente tão satisfeita com o resultado do seu trabalho e é por isto que
ele fica feliz, sorrindo e perguntando se está bom. A verdadeira cozinha estrelada por uma Estrela. A kátya, a
Musa Verdeira, tem a resposta?.
Os direitos autorais de uso do nome e
das reações da Kátya ao tão apetitoso preparo foram devidamente
recolhidos através de permuta. Creio não haver necessidade de dizer qual foi a forma e o conteúdo da permuta.