O subtítulo desse texto poderia ser: “Consuelo presta homenagem às letras brasileiras”.
A mineira Consuelo de Paula nunca deixa de surpreender, desde o lançamento de seu 1º CD, o antológico Samba Seresta e Baião (1998), quando deu roupagem nova á peças do tradicional cancioneiro brasileiro. Naquela ocasião, surpreendeu não apenas na forma (poderia ter sido apenas mais um disco com novos e arrojados arranjos) mas principalmente na proposta, admirável pela sua extrema simplicidade – aparente, diga-se: o samba, a seresta, o baião, três ritmos, três lugares, três tempos na musica: Baião nordestino, Seresta urbana, Samba do morro, do terreiro, da avenida.
“Samba Seresta e Baião” foi seu cartão de visitas, depois de muitos anos de pesquisa e muitos shows, que lhe serviram de vasto aprendizado, no circuito alternativo da capital paulista. O disco fez muito sucesso de público e de crítica, mas quando se esperava a sequência, um “Samba Seresta e Baião 2” ou algo parecido, pois repertório para isso tinha de sobra, ela surpreende com o “Tambor e Flor”. E assim, sucessivamente, surpreendendo sempre: Dança das Rosas, o DVD Negra, o livro A Poesia dos Descuidos, “Casa” e agora O Tempo e o Branco.
É o seu 6º trabalho fonográfico. Ela costuma dizer nas entrevistas que “compõe ao longo do tempo uma única obra.” Já escrevi antes sobre sua obra e talvez por isso, pareça repetitivo, porém, não considero supérfluo reexaminar alguns pontos: acredito que, sim, seu trabalho se assenta numa ampla base e dali se desenvolve, sendo cada nova etapa, um desbravamento: não existe uma continuidade temática, mas sim, de coerência; cada um de seus trabalhos, embora distinto, é talhado num mesmo bloco, como uma única e grande obra, revelada a cada etapa. É como se o grande projeto estivesse já concebido em sua cabeça a partir do momento em que decidiu gravar e o que ela revela não é somente a obra de arte “em si”, mas suas concepções, seus valores, o que pensa de “arte”, do papel do artista na sociedade e na própria história. Compõe obsessivamente, tem pressa, como se buscasse captar tudo à sua volta, com todos os recursos disponíveis: e nesse caminho não se dá ao luxo de repetir-se ou fazer concessões, numa recusa sistemática a resistir a tudo que a possa fazer desviar-se do objetivo; é compositora, interprete, vive disso, mas se nega a seguir receitas de sucesso. Seu trabalho, sua Arte, antes de tudo, obedece e atende a uma necessidade interna que corresponde à percepção do mundo que a rodeia: esse mundo podemos chamar Brasil – as múltiplas faces do mundobrasil, no caso, musicalmente falando.
Se estabelecermos uma linha do tempo do seu trabalho, não encontraremos uma “evolução” no sentido linear do termo; cada obra é um desdobramento – início, desenvolvimento ou fechamento de ciclos. Mesmo no trecho mais longo da “construção”, a parceria com Rubens Nogueira (Dança das Rosas, Negra, Casa e O Tempo e o Branco), cada trabalho tem sua face, ou melhor, sua cor – amarelo (da Trilogia Amarela), vermelho (predominante no Negra), azul (Casa) e branco (de O Tempo e o Branco). Se existe algo perceptível na sequência cronológica é a crescente complexidade, da qual O Tempo e o Branco é um ponto culminante. Mas esse corte não é abrupto, não é uma guinada radical: o prenúncio dessa mudança já pode ser percebido nos arranjos do “Casa” e no “Negra”, como se ela interiormente já estivesse se preparando e conseqüentemente, preparando seu público ouvinte.
O Tempo e o Branco é chamado o CD da poesia. A palavra é seu ponto forte, em lugar de uma instrumentação mais colorida e multiforme, mas que por outro lado poderia obnubilar a presença da voz e da palavra. Os músicos convidados, Toninho Ferraguti (acordeon) e Neymar Dias (viola caipira, violão), atuam com leveza e precisão junto à voz da cantora, e nos espaços, navegam soltos, estabelecendo suas próprias identidades e desse modo criam uma unicidade poucas vezes vistas na música brasileira: poesia e música como um só elemento – música e palavras de mãos dadas, em busca de ouvidos sensíveis e espíritos abertos, estimulando simultaneamente a reflexão: a singularidade – palavra/voz/ música - é uma marca d’O Tempo e o Branco, um disco único, que por sua vez mantém elo com a produção anterior da artista, que busca desvendar a música brasileira em suas muitas facetas – e pela sua disposição e curiosidade de encontrar novos timbres, novos sotaques, seu trabalho vai longe: tem parcerias inéditas com Amauri Falabella, Rafael Altério, Guilherme Rondon, Dea Trancoso, Kátya Teixeira, etc., e prepara um disco de interprete.
O Tempo e o Branco vem a lume muito naturalmente. Depois de passar pelos ritmos brasileiros (samba, seresta, baião, congada, canção, cacuriás, toada), por muitos lugares (sertões, terreiros, veredas, avenidas, culminando com uma apresentação no teatro Municipal de São Paulo), latinidades (explicitamente evocadas no Tambor e Flor com Maria Del Carmem e no CD/DVD Negra com Piedra y Camino), era chegada a hora de enveredar por outra grande tradição brasileira, as letras. Desde a Ibéria, ecoando o restante da Europa, o médio e extremo Oriente, as letras estão presentes entre nós – desde o rimance medieval, equivalente as xácaras espanholas, a literatura de cordel, as epopéias, sagas, poesia, romance. Todas as formas arcaicas e modernas de literatura estão presentes nas nossas letras, seja em prosa ou verso, do clássico ao popular, no improviso da cultura oral (poucas imagens são tão brasileiras do que a contação de causos ao redor de uma fogueira ou do fogão a lenha. O próprio escriba destas linhas é testemunha viva e mesmo personagem, uma vez que minhas primeiras experiências literárias foram a audição, abundante, de causos, numa época anterior a invasão da TV).
Consuelo, ela própria poeta, mergulhou na leitura da carioca Cecília Meireles e desse encontro resultou uma surpreendente mas não insólita “conversa imaginária”, logo convertida em poemas – inspirações brotadas na ressonância das provocações cecilianas: o amor, a mulher, os lugares, o tempo, o brasil - não o Brasil institucional, mas o brasilmundo, essa entidade de fronteiras lingüísticas e geográficas imprecisas. A poesia de Cecilia é o registro do lirismo em estado puro, primitivo e latente em nossa gente. Poeta, educadora, estudiosa do folclore e da literatura brasileira, reconhecia e identificava nossas paixões, conhecedora que era dos universos contidos na alma desse ser diferente dos povos da América hispânica.
As duas poetas tem muito em comum: se Cecília desvenda muitos universos da alma brasílica, Consuelo é observadora atenta que procura compreender o mundo em que vive, sendo que ela própria se coloca no papel de observadora e observada, indo à raiz da essência de suas próprias motivações, curiosidade que a levou a viajar à Espanha e conhecer a vila onde seu avô paterno nasceu, que a levou a se descobrir descendente de Zequinha de Abreu. De algum modo, são almas gêmeas, Cecília e Consuelo, que mesmo à distância do tempo, dialogam (Consuelo nasceu dois anos antes do falecimento de Cecília). Mais em comum: a alma lírica e a paixão pela terra, pelo Brasil e sua gente. O lirismo que as duas poetas compartilham é brotado do cotidiano vivido e também de fundas raízes, regado pela da fluidez do tempo vivido através de formas de expressão herdadas pelo espírito humano desde tempos imemoriais e não o barroquismo pesado e elitista, supostamente “culto”, que permeia certos estilos poéticos e que refletem um academicismo vazio e inútil. O Tempo e o Branco, conseqüência da visita de Consuelo ao universo de Cecília, tem em sua genealogia uma sutileza de brisa e delicadeza de pétalas, e por ser assim, leve e flutuante, vai direto ao coração. A conversa imaginária das duas contém alegria, doçura, porém, é alimentada por um fogo balsâmico e toda essa energia pujante culmina em amorosa homenagem ás letras brasileiras, em forma de poemas ternos e vigorosos: a transformação em música foi outro processo, outro(s) desdobramento(s): sua transcriação envolveu em momentos distintos o melodista Rubens e finalmente os músicos Toninho Ferraguti e Neymar Dias.
O DESAFIO MUSICAL, PARTINDO DA POESIA: HARMONIA NO CONTRASTE
- O primeiro pensamento para a escolha dos instrumentos foi “voz e piano”; provocado não só pela sonoridade, mas pela imagem também. As teclas pretas e brancas com o lirismo das letras e a transparência. E cheguei ao acordeom e viola porque mantinha as teclas através do acordeom e acrescentava as cordas da viola: assim encontrei o contraste que sempre busco. Estes instrumentos vão ao encontro e contrastam ao mesmo tempo; formam um som muito particular: “radical” e delicioso, dramático e sorridente. Um som do interior, das fronteiras e do mundo. E, principalmente, realçam o baile! Meu primeiro CD abre com voz e viola e tem acordeom em duas canções; concluir este ciclo com apenas estes dois instrumentos acredito que seja uma felicidade! (Consuelo de Paula)
O ensaísta e poeta Octávio Paz dizia que “a escrita de um poema já é, em si, uma tradução.” A maneira de compreender isso é ampla. Dentre uma das possibilidades, diria que um poema é uma tradução dos sentimentos do poeta, uma das nuances da linguagem primordial do ser. A transformação em música é outro desdobramento, outro desafio, especialmente quando a intenção do artista, aqui podendo ser chamado transcriador, é conservar as características da palavra. E essa sempre foi a intenção de Consuelo, queria fazer o CD da poesia! E sempre soube que seria um desafio de campo minado, o juntar escrita, melodia, voz, instrumentos, conduzir todos esses elementos com leveza de dança, harmonizando e contrastando. Como evitar que as pinceladas e cores fortes da música embacem o peso da palavra, ou o contrário, a densidade da palavra sufocar a delicada trama de voz, melodia e acordes? Ouvindo O Tempo e o Branco, partilhando essa “longa conversa”, percebemos fluidez delicada da tapeçaria sonora em toda a sua sutil integralidade. São vislumbres das possibilidades de diálogo entre música e poesia ainda pouco exploradas, pois é pouco palatável ao mercado. Uma pena! Precisamos disso, especialmente com artistas de alto nível.
O disco é para ser ouvido com atenção, sem pressa. E assim percebemos que foram feitos uns para os outros - versos, músicos, cantora, melodia, instrumentos. O acordeón de Ferraguti e os trinados das cordas de Neymar transportam e escoltam a voz da cantora com inaudita delicadeza e nos intervalos despejam pétalas de rosas dançantes sob forma de floreios; nenhum acorde é exagerado ou desperdiçado. Ferraguti e Neymar “ilustram” a narração, “mostrando” as paisagens, dando-lhes movimento, vida, cor. Falar de brasilidades, latinidades é incompleto, “quase” uma tentação a dar-lhe um rótulo, ao feitio de sugerir que lugar deve ocupar na prateleira de CDs nas lojas: a poesia, ou melhor, a narração em forma poética, voa em asas de pássaros e durante o vôo cria desenhos e formas atemporais, deixando pelos céus dos tempos percorridos rastros de luzes coloridas. Contudo, não envolve o ouvinte em sonhos quiméricos ou irreais, não o induz; não é audição para ouvintes passivos ou servis, os mesmos são levados a criar, eles próprios, suas imagens. É um convite a partilhar experiências: é o Tempo descrito, redescoberto, contínuo e circular, conectando paisagens, sentimentos, ambientes, cores, sons, cheiros – cidades, campos, desertos, céu, terra, água, personagens míticos; Cecílias, flores; por entre as brumas da aurora nascente, a mulher indomável, aquela que não se deixa conquistar e não obstante, continua a ser amada: mulheres guerreiras -“Luzia” mulher, a vida luzia, reluz - mulheres feiticeiras, mulheres sacerdotisas que instauram no mundo da palavra-letra a palavra-música: ganham vida, brilham. Ou como diz a própria autora/interprete: “A palavra que desejou bailar.”
Num raro equilíbrio, viceja como em manhã primaveril a consonância entre as cordas trinadas, as teclas pretas/brancas e o respirar do acordeon. Instrumentos e voz instalam a magia e então, é se deixar levar: simbolizam todos os instrumentos, todas as músicas, todas as vozes, todos os ritmos, como que criando um universo paralelo: ocupam e ao mesmo tempo se desvanecem no tempo/espaço: latinismos, gauchismos, nordestismos, todos os ismos; do pampa à caatinga, cerrados montanhas andinas, campos; tudo se intercala, se interpola, se interrelaciona ao longo da travessia, não de maneira aleatória, mas como ressonância da narrativa poética.
Música e poesia que tem algo profético, premonitório: a alegria, as lágrimas, a paixão, são elementos de uma humanidade que finca raízes e ao mesmo tempo engendra a semente dos tempos vindouros: “fruta agreste
palavra amarga
qualidade que me faz bela
sabor entre o riso e o pranto” (O Meu Lugar, 2ª faixa do CD)
... arte amalgamada por sangue suor e lágrimas, por si própria um exercício de transgressão; não se deixa embalar por uma retórica romântica sobre o amor: poesia por vezes conflitiva, que navega em campos minados, que provoca e desafia: De que faca sai tua voz, primeiro verso de Timbre, 6ª faixa do CD,
Uns dias vermelhos
Outros azuis
Pimenta de cheiro, anis estrelado
Meus versos no espelho
Versos contraluz, Arte, 7ª faixa.
Há tanto mar desconhecido em meu coração
E essa canção é só pra gente se encontrar, Outro Lugar, 8ª faixa,
Testamento de artista: deixarei poesia para Antonio e Maria
testamento escrito com sonhos, Testamento, 12ª faixa.
O Tempo e o Branco é o Testamento solenemente revelado ao público ouvinte, como diria um antigo locutor de rádio.
Consuelo pertence à estirpe dos artistas-criadores que trazem transcritas na pele e na alma as alegrias, os dramas, os sonhos; compromisso, seu compromisso é um desafio aberto. A transcriação do diálogo com Cecília é um legado que vai além das 13 faixas do CD, que antes de ser lembrado como “memorável”, traz a marca dolorosa da luta da artista que insiste em ser livre; que ri, que chora; sente e vibra em uníssono a emoção em estado puro:
- ...não podemos deixar que o mundo fabricado pelo grande mercado nos faça acreditar que ele é a expressão da verdade, que ele represente o mundo real. Eu sei que sou e me sinto uma artista de imenso sucesso (eu e centenas de outros grandes artistas). Sucesso para mim é a obra que fiz e da qual me orgulho tanto e pela qual vivo. E esta obra é que me dá forças e momentos de intensa alegria. E com certeza, é bem maior que meu cansaço, por isso sigo fazendo!
Assim, pois, viajemos: viajemos entre o sol e o vento: viajemos no colo da poesia, dispamo-nos das idéias preconcebidas. Apreciemos a artista antes de tudo, sincera, que generosamente divide conosco seus tesouros mais preciosos. Ao longo de sua caminhada, de seu tempo, observa e absorve as realidades e no silêncio de sua consciência – onde convivem a artista, a cidadã, a mulher – após longa e lenta reflexão nos devolve “reinventadas”, sob forma de uma Arte descaradamente poética: um escândalo para esses tempos em que a obra de arte perdeu sua “aura” ao ser colocada na linha de montagem da indústria cultural, se converteu em produto destinado a atender demandas comerciais do negócio entretenimento, como escreveu em meados do século passado o crítico e filósofo Walter Benjamin. Consuelo, por sua fidelidade radical a si mesma, é uma “transgressora” silenciosa: escancara o cinismo, a barbárie, a hipocrisia que contamina o nosso tempo, seja na cultura, na política ou nas relações cotidianas; transgride em sua atitude de despojamento, no desprezar do falso e tentador brilho. Sua obra e sua atuação contém, o elemento de antítese, ao confrontar os modelos preexistentes e preestabelecidos, rejeitando o convencionalismo das formas de “sucesso”, os carimbos world music, cool ,mpb, sertanejo, regional, etecetera etecetera etecetera.
Sob as bênçãos de Santa Cecília, padroeira dos músicos, a Musa das Artes concedeu-lhe a rara capacidade de decifração do sentimento e de suas interações com o mundo em torno: seu tempo e sua história, seu tempo é sua história. Decifração silenciosa, sem alardes, destinada a vir á tona no momento certo: cada um de seus trabalhos, não obstante as dificuldades inerentes à condição de artista independente, surge sempre no momento exato, como o aflorar de uma consciência crítica ainda distante, entretanto, possível e mais do que nunca necessária. Dizer que vivemos tempos sombrios pode soar exageradamente dramático, para não dizer simplista, pressupondo uma anterioridade límpida, feliz, porém, inacessível. Contudo, isso não exime de responsabilidade quanto aos tempos presentes: que por entre as ruínas, brote A Flor Futura.
CONCLUSÃO: PÁSSARO VOANDO AVOANDO, LIVRE
É o CD da poesia, mas também o CD do Amor. Perpassa certa nostalgia, mas não é de tristeza; não lamenta as perdas, mas traz a cura (outra vez sou levado a pensar em Curativo!). O amor nascido do barro, do sopro, que reacende a esperança: “é o amor atravessando o tempo.”
Um necessário diálogo que se refaz e se amplia: cada tom, cada sotaque, cada acorde que conduz a novos aprendizados, novos timbres que, reinventados, retomam o lento caminho de absorção pelo espírito, com frescor, com alegria, com dansa (com ‘s’). Em tempos tresloucados, insanos, onde tudo nasce e envelhece em velocidades estonteantes, a artista Consuelo é desafiada a fazer uma arte que perdure: mais que isso, ela se coloca como testemunha da barbárie indolor e concomitantemente como protagonista de um possível novo tempo, soprando para longe as pesadas nuvens: olhando para um céu límpido e vendo/ouvindo seus versos voando como pétalas e caindo nos colos da poesia, somos tentados a sonhar e ter esperanças.
Criar. Recriar. Transpor, transcriar. Traduzir a poesia; o fazer e o ser poético. Embora seja nossa linguagem mais antiga, é a que menos lembramos. Nos afastamos da linguagem primeva com a mesma velocidade com que nos afastamos da natureza, daí ser uma tarefa dificílima combinar a pura palavra em pura música, sem que a primeira perca sua força.
Palavra & acorde, o milagre se deu: o Branco da cor e do espaço, brancura de página que acolhe e aceita a palavra;
o branco da pureza e de alvo a ser atingido;
branco como tempo e lugar (há tanto mar desconhecido em meu coração/essa canção é só pra gente se encontrar; dimensão temporal, espacial;
tempo da infinitude, do infinito espaço, negro espaço sideral; tempo e lugar, afirmação e negação.
Branco de todas as luzes e cores, o negro e a ausência de todas as cores: opostos que se unem, o tempo e o branco, o desdobramento da palavra, da poesia e da música: acordeon, viola e voz pelos caminhos e pelos ares – camino y piedra/ piedra y camino – canção feita pra a gente se encontrar. E se encantar!
alga desenhada sobre meu corpo
nossos passos estão lentos
mercedes e sua voz negra
tom esverdeado sobre a américa do sul
consuelo e seu canhão de flor
o tempo pesa
(A POESIA DOS DESCUIDOS)
O TEMPO E O BRANCO: “A PALAVRA RESOLVEU BAILAR”
Meninas do Brasil
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