WALTER LAJES, VATE CANTADOR

Por esses dias estará em São Paulo, o baiano de Vitória da Conquista, Walter Lajes. Violeiro, cantor, compositor, versejador, declamador, poeta, forrozeiro, esse meu afilhado é desses seres providos pela Providência das qualidades mágicas de que um artista precisa - forrozeiro merece uma breve explicação: seu forró é de pe-de-serra, dos bailes e festas do interior profundo, não é o chamado "forró universitário", alcunha um tanto incompreensível, a não ser como forma de diluição do possivel preconceito ou uma forma de certas camadas de nossa sociedade de afastar a tal "gente diferenciada"... Seria uma tentativa de tornar comercial e cristalizar uma "marca", palatável aos ouvidos citadinos sulistas? Ou seria pura e simplesmente uma vã tentativa de usurpar um traço da cultura popular para consumo elitista?.
E que todos e todas saibam que tais atributos, Walter os executa com maestria, sendo assim, sem a menor sombra de dúvida, uma figura que encarna o artista popular, daqueles de que falaram e escreveram mestres como Câmara Cascudo e Ariano Suassuna. É nordestino, de mil quilates, típico representante dessa efervecente cultura, mas sua arte, desempenhada com ardor, possui ressonâncias universais: ter nascido na Bahia, creio eu, foi um acaso, sorte dos baianos!
Quem o vê em ação, sua atitude de respeito e veneração perante essa entidade denominada Arte, certamente há de concordar que o homem Walter Lajes, nascesse onde nascesse, se em África, Oriente, Mediterrâneo, Península Ibérica, qualquer canto das Américas, etc., e em qualquer época, que fosse medieval, barroca ou conteporânea, não seria outra coisa na vida senão artista cantadorpoetavioleiro, assim mesmo, tudo junto e encadeado: esta é sua missão nesta vida, ser cantor e encantador.
Seja em que palco for, se num salão de concertos, num auditório, num bar de beira de estrada, numa praça, no terreiro ou na sala de casa, Walter Lajes ao soltar seu vozeirão e dedilhar seu ponteado há de fazer audiência assuntar direitinho o que diz em verso e voz esse moço nascido e vivido nos arredores de Vitória da Conquista – não por acaso numa terra cuja magia ressoa: parece que quem nasce naquele lugar, bebe daquelas águas e respira daquele ar, naturalmente se torna poeta e cantador. Quem duvidar, então que assunte que aqueles sertões nos legaram talentos do porte de Elomar, Paulo Gabirú, Roberto Bach, dentre outros.
Nos dias em que estará entre nós, esperemos vê-lo em ação e será oportunidade de ouro. Não sabemos ainda como ou quando Walter se apresentará em São Paulo. O Sarau do Bar do Frango, no dia 26 deste mês, pode ser uma pedida. Mas ele e nós merecemos um espetáculo completo.Estaremos atentos e aguardando para melhor divulgar.
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