O LIVRO DE POESIAS DE ANGELA QUINTO

Aos possíveis desavisados, uma noticia corre mundo: os ventos e os pássaros trazem. Como nos velhos tempos em que as boas novas eram ansiosamente aguardadas por semanas, meses ou mesmo anos, o sopro de novidade e a alegria desconcertante que provocam, é sempre a mesma.
Desde outros tempos, longínquos tempos, que o ser humano sempre teve gosto especial para contar novidades através de versos, cantados pelos viajantes e andarilhos. Era até mesmo meio de vida, pois cantava e contava/narrava em troca de pouso e comida. Passam-se e mudam-se os tempos, mas a espera e ansiedade por boas novas ainda continua, mesmo em tempos de comunicação instantânea; ainda nos permeia o mesmo espírito de curiosidade que faz os olhos brilharem. Desta feita, a boa nova que corre por nosso mundo do sertão paulistano é o lançamento do surpreendente livro de poesias de Angela Quinto: será no próximo sábado, na Livraria da Vila, a partir das 16 horas.
Surpreendente porque, embora seja o seu livro de estréia, o mesmo tem o escopo de uma veterana, como se estivesse há tempos maturado, apenas aguardando ansioso o momento de vir ao mundo; surpreendente porque Angela conseguiu o feito raro de transformar experiências diretas de sua vida em pura arte poética e através de várias linguagens: versos, imagens oníricas, imagens e palavras diluindo-se no espaço, etc.
Desde a tenra idade que Angela se encantava com o mistério das palavras que via nascer na tipografia do pai. Como bem lembra a cantora, compositora e também poeta Consuelo de Paula no belo prefácio, “...o livro que sonhou quando nem sabia montar frases, se realiza agora no mesmo lugar onde hoje é a gráfica de seu irmão.” O encanto de Angela pelo mistério das palavras permanece o mesmo. Ainda arregala o olho, fascinada, ao presenciar a transmutação de peças de metal, fios, chapas, mil engrenagens alimentadas por tinta e celulose em palavras, frases, versos. Agora, são as “suas” palavras ganhando vida, cuidadas e tratadas com desvelo maternal (e também filial), transformadas desta feita em seres reais – o livro físico! Mistério e milagre, brotados de sua memória, da fantasia criativa, como que do próprio corpo.
Terapeuta por profissão e vocação, “palhaça” por vocação, assim é sua sina. Palavras, sons, imagens são seu elemento. Poeta sempre foi, embora não se desse conta, pois transita com espantosa facilidade por esses elementos que consistem nas primeiras manifestações humanas de se corresponder com o mundo que nos cerca, antes mesmo do nascimento da linguagem.
Tive a imensa alegria de ser convidado por Angela para escrever a apresentação, tarefa que executei com o mesmo arrebatamento com que li suas poesias quando ainda não havia o projeto para o livro. O que posso dizer é que quem as lê se torna cúmplice, pois ela arranca de cada um risos, lágrimas, enternecimento; quem a lê sente reacender em si a mesma memória ancestral que fomenta os sonhos de cada um: olfatos, narrativas, os enredos múltiplos que traçamos ao longo da vida. Tão intrincadas que só mesmo a linguagem cifrada das imagens poéticas para dar minimamente conta – as vezes tão densas, outras tão sutis.
Com a palavra, Consuelo de Paula:
“Foi uma alegria participar do roteiro deste bordado tão lindo, foi um mergulho encantado na história da Ângela que vem agora, através da poesia, cumprir a sina de sua família de imprimir palavras no papel, no tempo, na alma da gente, no chumbo e na flor. Estão todos convidados! Abraço entre o sol e o vento.”
SERVIÇO:
A Livraria da Vila está localizada na Rua Fradique Coutinho, 915. O evento ocorrerá das 16h às 19H.
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