O que há de comum
entre música e literatura? Ou melhor, o que há de comum entre uma dupla de
cantores de MPB e dez escritores, com personalidades e estilos diferentes entre
si?
Os irmãos Kleiton &
Kledir tem uma trajetória de ciclos amplos e surpreendentes, especialistas que
são em versatilidades, sendo uma delas, a capacidade de construir pontes
imaginárias entre os diferentes aspectos da cultura gaúcha. (Se considerarmos cultura latino americana, devemos acrescentar
o caçula dos Ramil, o Vitor, autor de uma canção definitiva, daquelas que capta o imaginário de sofrimento e luta do
povo sulamericano: Semeadura é digna
dos grandes ícones Mercedes Sosa, Atahualpa Yupanqui, Victor Jara, Violeta
Parra, Nicolás Guillén, Geraldo Vandré, Garcia Lorca, Jose Marti, etc.).
Kleiton & Kledir teceram a doze mãos um belíssimo tapete cujo
resultado final é uma amostragem simbólica da literatura e música daquelas
paragens. Por lá campeiam vanguardas que ombreiam aos grandes centros, e não só do Brasil, mas do mundo: o irrepreensível
e colorido mosaico criado e tecido pelos dez escritores e os dois
músicos/compositores são dez pequenas aulas das interações possíveis entre duas
formas de arte.
O álbum “Com Todas
As Letras” – Biscoito Fino -, dos irmãos Kleiton & Kledir chama atenção por
dois motivospouco comuns: primeiro, um disco com 10 faixas composto em parceria
com 10 escritores gaúchos contemporâneos; segundo, as parcerias são inéditas. O
fato de serem inéditas torna o resultado imprevisível, conquanto interessante o
diálogo entre esses dois universos que lidam com a sensibilidade humana:
encontros, conversas, experiências, fatos banais (ou não) que compõem a memória
dos lugares e dos homens: por exemplo, uma das faixas, Mistérios do Bule
Monstro (letra de Lourenço Cazarré), trata da existência de um enorme bule
preso na fachada de uma loja em Pelotas. O porquê de aquele estranho objeto,
tão dissonante quanto fosse um disco voador, sempre intrigou os transeuntes;
era daquelas coisas inexplicáveis que ninguém nunca se ocupou em saber o
porquê. Naturalmente na canção que evoca o Mistério, o mesmo não é decifrado –
ainda bem, pois assim continuará desafiando a imaginação seja dos pelotenses ou mesmo de quem não é de lá! Eu já criei
minha teoria: o Bule Mostro deve acompanhar uma gigantesca cuia de chimarrão. A
cuia? Onde estaria a Cuia e seu usuário? Talvez seja o lendários gaúchos ancestral. Cito essa faixa porque
especialmente chamou-me atenção o fato que deve persistir na memória de muita
gente.
As demais faixas do
disco tratam, cada qual uma experiência, com base nas vivências de cada um: homenagens,
amores, visões de mundo, padrões estéticos, etc. brotadas dos encontros com Caio
Fernando de Abreu, Cláudia Tajes , Luiz Fernando Veríssimo, Leticia
Weirzchowski, Daniel Galera, Martha Medeiros, Alcy Cheuiche, Fabricio
Carpinejar, Lourenço Cazarré, Paulo Scott. A cantora Adriana Calcanhoto tem
participação especial na canção que abre o disco, “Lixo e Purpurina”. Acompanha
o Cd um Dvd que conta os bastidores da produção, material essencial para se
compreender a natureza do projeto como um todo. Ouvindo-se apenas o CD nas
vozes dos cantores e instrumentos não se
dá conta dos pormenores e não apreende toda a riqueza gerada nos encontros. O
projeto ganha aqui um aspecto didático ao lançar certa luz nos misteriosos
processos de criação, que o público em
geral desconhece.
Letra & música é
um casamento nem sempre perfeito; se não encaixados devidamente os pontos de
intersecção que fazem surgir a “terceira coisa”, corre-se o risco de ver nascer
uma cria, digamos, destoante; tudo na escritura e na voz tem ritmo; mas ritmos de um e
de outra nem sempre vão
convergir com a eficiência desejada.
Letra & musica às vezes se encaixam maravilhosamente, tal como mostra
lendárias parcerias mundo afora, outras vezes nem tanto. Esse trabalho
especifico reflete a personalidade dos irmãos, aparentemente opostos que se completam artisticamente: o
instintivo Kledir e o contido Kleiton – ao menos é o que se deduz assistindo o DVD com os extras. A longa e
profícua carreira musical, sempre buscando incessantemente inovar mostra que
eles se entendem e se fazem entender. Nos encontros com cada um dos
escritores/poetas são como múltiplas personalidades que se refletem nos
aparentemente improváveis parceiros.
Seria apenas mais um
disco não fosse o deliberado abandono da zona de conforto; seria mais fácil e seguro
seguirem a receita óbvia de musicar poemas já compostos e conhecidos, pois de
antemão já se teria um público para os re-conhecer.
Mas isso de modo algum satisfaria os inquietos irmãos – característica que
distingue os Ramil desde os primeiros tempos de sua trajetória, desde o inicio
dos anos 1970, quando fizeram parte do grupo O Almôndegas.
Embora sejam
escritores, o que deve ter facilitado a aproximação, não deve ter sido o
elemento decisivo durante a feitura do trabalho cujo mote era produzir uma arte
nascida do encontro direto entre músicos e escritores; interessava a eles trazer
à luz os secretos caminhos percorridos pelos artistas, e de como aspectos
comuns os conduzem através de trilhas aparentemente díspares. São um rol de sentimentos,
expectativas, dúvidas comuns e
inerentes, grande parte indistinguíveis ao olhar desatento: mas são esses os
percalços comuns a cantores/compositores e escritores/poetas. Essas
dificuldades são conditio sine qua non dos respectivos ofícios, mas
basta “provocar” um e outro para que uma ponte seja construída entre os
universos e uma imediata comunicação é então res-estabelecida e trazida à luz
do entendimento. O estilo narrativo em prosa é algo recente na história da
humanidade. As narrativas antigas eram em formas de versos, desaparecendo
apenas quando a ‘razão’ prevaleceu a partir do chamado Século das Luzes’,
fazendo submergir a espontaneidade poética: letra & música, portanto, tem
uma história antiga comum, onde talvez o cantochão ou o canto gregoriano, além
das epopéias em verso, venham a ser elos
perdidos de um tempo em que todos os seres humanos – ou mesmo todos os
seres – se manifestavam musicalmente!
Tendo essa teoria
alguma plausibilidade (com a palavra os especialistas em lingüista e musica), na
verdade, o que fizeram foi o restabelecimento de uma ponte que no passado os
uniu muito mais do que nos dias que correm.
O encontro de cada um dos 10 escritores com a dupla de irmãos fluiu com
uma facilidade surpreendente, muito mais que a amizade e/ou admiração mútua
possam fazer crer. Quero dizer que não foi a amizade ou admiração mútua a razão
do sucesso do empreendimento: foi como se todos sempre estivessem, desde
sempre, prontos, à espera do contato. A
compreensão da natureza da proposta foi imediata e nela mergulharam de cabeça,
não apenas escrevendo versos inéditos, mas alguns deles participando mais
diretamente, emprestando a voz em declamações ou tocando instrumentos que até
então o faziam por mero hobby, como o violão de Daniel Galera e o sax de Luiz
Fernando Veríssimo. O passeio litero-musical foi percorrido ora com avanços
vertiginosos, ora curvas surpreendentes, ora sutilezas, ora o cuidadoso
abordamento: só assim para captar na íntegra o criador em pleno refulgir!
Fosse basear-se no trabalho de um único escritor - por sinal, existem trabalhos desse gênero,
é mais comum do que imaginamos. Um exemplo conhecido é Euclides da Cunha, cujo
Os Sertões já inspiraram pelo menos três obras de vulto: Os Sertões (Fabio
Paes), Canudos (Gereba) e Bahia Lavada Em Sangue (Roberto Bach), esse ultimo
tema de pelo menos dois posts neste Ser-tão paulistano. Sabemos também de
trabalhos baseados em cenas do próprio Érico Veríssimo, de Jorge Amado e
Guimarães Rosa. A linha condutora num trabalho conhecido seria mais segura,
conquanto previsível. Mas “Com Todas as Letras” foi tudo novo. Calcule-se o desafio
de penetrar no universo particular de cada escritor e dali colher a experiência:
só mesmo a visão múltipla e a experiência cosmopolita dos Ramil, alicerçados
por seus longos anos de estrada, que os tornaram imunes ao risco do erro, tornando
assim plausível e agradável a experiência; experiência que somada e aguçada
pela juvenil curiosidade que os move – quem os vê trabalhando pensa que estão
fazendo pela primeira vez, sem mostrar nenhum traço de arrogância - é que seria
capaz de os impulsionar e por cima convencerem outros a embarcar numa canoa a
remo e se deixar conduzir rio abaixo ao sabor tremulante de correntezas e
remansos, sujeitos a todos os perigos do incerto percurso.
Riscos no caminho
não devem ter faltado. Todos são escritores dos dias de hoje, o único escritor
do passado é justamente o autor que décadas atrás havia inspirado a dupla a
comporem juntos musica: Caio Fernando Abreu, falecido precocemente em 1996, a
quem o disco é dedicado; também ele, Caio, representante da nova, urbana e
cosmopolita literatura gaúcha, praticamente da mesma geração que eles. Não
estaria longe da verdade se dissesse que os irmãos Ramil podem ser considerados
os correspondentes musicais do escritor Caio. A idéia ganhou força em 2015 e
decidiram levar a cabo a idéia, sob a coordenação do escritor e professor Luiz
Augusto Fischer.
Parecem ter
adivinhado o sonho secreto de todo escritor que gosta de música: ver e ouvir
suas palavras vestidas de som e musica! O resultado surpreende positivamente,
seja aos amantes da literatura ou da música: e uma nova forma de ampliar
olhares, horizontes. Juntos compartilham, e para o publico em geral, altamente
gratificante.
A receita está dada e fica a ideia que poderia
ser seguida por outros músicos/escritores/poetas Brasil afora.
MUSICA
GAÚCHA: UMA PASSADA D’OLHOS PELA HISTÓRIA
Vale umas poucas
palavras que seja sobre a história da região e seu povo, simples tentativa evitar
as escorregadelas nos estereótipos e/ou lugares comuns ao vir à mente a ideia
do ser gaúcho, especialmente visto
pelos olhos de um não gaúcho.
Embora possa vir a
ser parte da própria identidade, presumir o “gaúcho típico” é mergulhar na
lenda, do mesmo modo que se pensa no “sertanejo nordestino”, no “caipira
paulista” ou o “caiçara do litoral”. Certa vez assistindo a uma apresentação de
um jovem cantor gaúcho, um militante das causas populares e que faz uso
orgulhosamente da indumentária típica, ao ser questionado por um espectador se
se considerava um “gaúcho típico”, ele respondeu: “Sou gaúcho, mas dizer ‘gaucho tipico’, teria de ser xucro e homofóbico.”
Um produtor musical, gaúcho de Pelotas, costuma extravasar em tom de
descontraído desabafo: “Mira lá, tchê!
Sou de Pelotas e sou vejetariano! Como tu achas que me chamam?”
Enfim, os gaúchos,
tão orgulhosos de sua história e tradição, possuem no imaginário, especialmente
dos não gaúchos, a figura do ser talhado a formão, submetido às agruras do
minuano nas solidões pampeanas: qualquer representação artística referente ao
“gaúcho” ha de fazer vir à mente o solitário destemido, com solidez de rocha.
Como comumente acontece
nos grupos sociais estigmatizados, acabam por aceitar com orgulho a imagem que
lhes foi impingida, pouco importa o tenha sido em tom pejorativo: basta ver os
cartazes nas churrascarias metropolitanas ou nos populares CTGs espalhados pelo
Brasil para disso se perceber. Dessa imagem jamais se livrarão, para o bem ou
nem tanto, por mais que camadas de modernidades se acumulem ao longo da
história. Por mais que transformações se sucedam, a figura gravada no
imaginário prevalece, ao menos num primeiro momento.
Quando surgiu lá
pelos anos 1970, O Almôndegas, a primeira e imperbe presença dos irmãos Ramil
no cenário da MPB, causaram um primeiro impacto: mostrava ao resto do país a
vida urbana do pampa, que por sua vez contrastava a idéia tradicional que se
fazia não apenas do gaúcho em si, mas da musica gaúcha além dos ritmos tradicionais
conhecidos – a musica lacrimejante de Teixeirinha, as marchinhas de quadrilha,
chotes, vanera, vanerão, por mais que na maior parte das vezes fosse apenas um
arremedo da verdadeira tradição, que
por sua vez travava infindáveis batalhas para não desaparecer e virar
definitivamente lenda. O trabalho de resgate começou com Os Gaudérios, nos anos
1950 e se cristalizou com os chamados Troncos Missioneiros, sendo os mais
conhecidos representantes Noel Guarani, Jayme Caetano Braun e Cenair Maicá,
entre outros.
O Almôndegas – e mais
tarde Kleiton & Kledir estavam para os tradicionais gaúchos mais ou menos o
mesmo que a jovem guarda ou iê-iê-iê para a musica caipira/sertaneja no eixo
Rio-São Paulo. O Almôndegas duraram alguns discos e os irmãos seguiram
carreira, como Kleiton & Kledir. O caçula dos irmãos, Vitor, segue carreira
paralela. Os três também se notabilizam
também por exercerem uma profícua carreira literária.
Quem, fora do Rio
Grande do Sul, tem entre 40 e 50 anos há de lembrar da dupla de cabeludos com
sotaque estranho, tratando as pessoas por “ti” ou “tu”. Assim ficaram gravados
no imaginário da MPB: musica popular urbana com sotaque gaúcho. Até então
quando se falava “musica gaúcha” se pensava, quando muito o folclore
pasteurizado, com a mesma autenticidade de uma fantasia carnavalhesca: a
verdadeira tradição, como citado acima, resistia bravamente nos nichos.
Com os Ramil, a musica gaúcha popular urbana deixou de ser para
consumo local para ganhar palcos no eixo Rio-São Paulo. Kleiton &
Kledir - pode-se com justiça dizer - romperam
paradigmas ao levar o sotaque sulista para apreciação das grandes massas fora
de Porto Alegre e adjacências. Fizeram emergir por entre a dura couraça do
“gaúcho típico”, de bombachas e chimarrão, outro gaúcho, urbano e cosmopolita – seria o cumprimento da profecia de Barbosa Lessa na “Milonga do Moço Novo”,
tornada clássica na voz de Noel Guarani, cantando as venturas do moço que sonha
usufruir as modernidades dos novos e grandiosos centros urbanos que deixam para
trás as velhas estâncias, “...pra deixar
de ser bagual.” ?
Os Ramil nunca foram
baguais – “eu tinha orgulho em ser grosso debochava da finura/ não dava bola pra
gente de educação e cultura”(Milonga do Moço Novo, Barbosa Lessa) - , sempre foram filhos da cidade, mas
são herdeiros diretos da cultura, essa mesma cultura que os fizeram sentir-se
exilados em terras cariocas quando para lá se dirigiram para se firmarem como
artistas de massa – afinal, o Rio era então, ainda, a capital, a Meca, para onde os artistas deveriam se voltar.
A cultura gaúcha está
neles impregnada a partir dos costumes cotidianos, e não exatamente como
expressão artística – no caso deles, sua música, em si, era universal: falavam
da paixão, das dúvidas e ansiedades do ser
resultante da Modernidade, que muitos equivocadamente denominam pós-modernidade, na falta de outra
denominação (só haverá uma pós
modernidade quando esta for inteiramente superada, deixada para trás. Por
ora o que temos são camadas pós, pós, de variações do mesmo ad infinitum, à que damos tal denominação na falta de outra, pois nos tempos 'modernos', qualquer coisa há de ter rótulo). O que a Modernidade ou
Pós Modernidade faz é aproximar
mundos e no pior dos casos, destruir. A pedra de toque é o universalismo,
colocar-se no mundo, absorver o que pode e dar o seu recado, mostrar o que se
passa em sua aldeia. O caçula da família,
Vitor, é um exemplo candente dessa universalidade: como um visionário,
antes dos 20 anos, criou um universo imaginário, a Terra de Satolep, nada mais
nem menos que a cidade natal, Pelotas, escrita ao contrário. Cumprindo um
ritual daqueles tempos recém saídos da ditadura, Satolep era a pátria de
Joquim (...nau da loucura no mar das idéias...), revolucionário cuja história brotou de uma versão de Joey, de Bob Dylan
(mas Joquim não é Joey, transplantado, acreditem). Faço essa breve citação do
trabalho de Vitor apenas para ilustrar a vocação cosmopolita e universalista
que caracterizam os Ramil.
Pois bem: disse
atrás que a cultura gaúcha, os valores, etc., neles habita de tal modo que em
plenas praias cariocas os devem ter feito sentir saudades do chimarrão... O gauchismo não é somente um território
físico e político, mas sentimental.
Duas canções
brotadas desse conjunto de valores -Pátria Gaúcha ou Missioneira- fincados
profundamente naquelas terras ermas, tratam desse universo: ambas canções explicitam
esse sentimento gauchesco: “Milonga
das 3 Nações” , autoria Fernanda Rosa, presente no CD Yrupa Punherei – Canções das
Margens do Rio, do grupo Purahéi Trio e “Milonga das Três Bandeiras, de Jayme
Braun, no LP “Pampa y Guitarra”, disco de estréia de Noel Guarani, lançado
originalmente na Argentina. Dois temas, compostos em momentos distintos por
compositores distintos, distantes gerações e curiosamente constroem uma ponte
entre o ontem e o hoje. O Gaúcho ignora fronteiras políticas:
naquele vasto território o idioma “oficial” é
três: guarani, português, castelhano...
(O programa O Sul Em
Cima, acessível através da Internet, a respeito do qual já escrevemos neste
blog, produzido por Mariusa Kineuchi e apresentado por Kleiton, tem mais a
dizer sobre a atuação deles, da ponte que constroem entre os diferentes ritmos
que, ao contrário de “invadir” e tomar posse do território, o tornam maior e
mais rico: Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai se amalgamam).
Ressalte-se, assim,
que a presença dos Ramil na vida e cultura riograndense vai além da musica, ou
melhor, de estilos musicais: inquietos, inconformados, eles buscam diferentes
formas de expressão, sem deixarem de ser quem são. E, parodiando Ferreira
Gullar, fazem arte “porque a vida não
basta”. Ou melhor, uma arte só não basta, as linguagens, especialmente
musicais, dotadas de símbolos mutantes, necessitam dialogar entre si para
continuar vivas; não basta louvar-se a si mesma ou ser “fiel” a si mesma; é
preciso ampliar horizontes.
E que do mesmo modo
que o sangue percorre as diferentes partes do corpo, que a arte – a substancia
vital da Grande Nação Sulamérica – verdadeira, autentica e multifacetada
percorra caudalosamente os canais rios correntes por onde navegam índios, gringos e mestiços. E que venha a
Arte aquecer “A Fria Luz do Horizonte”, interessante filme que muito aborda
esse sentimento gaúcho, seu jeito de ser mundo e do modo como se sentem
exilados em própria terra: a Arte aproxima e faz ver o outro em nós. Temos a possibilidade de sermos únicos num mundo cada
vez mais próximo do esfacelamento, a prevalecer interesses nacionalistas.
O Cd/Dvd “Com Todas
as Letras” mais uma vez lançam os Ramil no mundo, orgulhosamente mostrando sua aldeia e seus companheiros. Não apenas
através da musica, mas de muitas outras atividades: são testemunho que a arte
não é coisa distante e apartada da vida: arte e artistas e público, não devem
ser distantes entre si; não devem ser a fria e distante luz num horizonte
inalcançável.
Com Todas as Letras
deve ser ouvido, visto, lido especialmente nas entrelinhas; pessoas e
arte são elos, interligados: são vida!
Caio Fernando de Abreu: Lixo e Purpurina
Participação de Adriana Calcanhoto
Kleiton, Kledir e Claudia Tajes_ Felizes Para Sempre
Luiz Fernando Veríssimo: Olho Mágico
Leticia Weirzchowski: Piscina
Daniel Galera: Vinte e Oito Escovas de Dentes
Martha Medeiros: Pingo nos Is
Alcy Cheuiche: Lado a Lado
Fabricio Carpinejar: Cansado de Ser Feliz
Lourenço Cazarré: Mistérios do Bule Monstro
Brincando na Praça dos Enforcados