A terceira semana de novembro, em São Paulo, promete. O puro
talento da música brasileira vicejará no pequeno mas nobre palco do Teatro da Rotina, na Rua Augusta, sentido Centro: Consuelo de Paula desvenda seu processo criativo em mais um desdobramento do projeto "Chamamento".
CONSUELO DE PAULA:
A mineira Consuelo de Paula encontra-se em estado de graça. A
conclusão de um ciclo, uma importante etapa de sua carreia, a histórica
parceria com Rubens Nogueira, culminando na gravação de um dos mais importantes
discos brasileiros dos últimos anos, o antológico “O Tempo e o Branco”, inicia
novos “movimentos” em sua trajetória.
Os movimentos de amor
e luta, segundo a própria, resultam da mistura dessas duas palavras, sempre
tão necessárias em qualquer tempo - agora mais do que nunca: Amor e Luta. São “movimentos”
empreendidos pela artista que podemos chamar catalizadores na busca e estabelecimento de uma postura frente aos
desafios que os tempos atuais impõem.
Começou no mesmo Teatro da Rotina, com o show solo no
primeiro semestre deste ano, prosseguindo na casa Mora Mundo, no bairro Campos
Elyseos, no dia do seu aniversário. Retorna agora, em 16 de novembro ao Teatro
da Rotina – tudo isso, lembremo-nos, depois do lançamento, em noite de emoção e
gala, de “O Tempo e o Branco”, no Auditório do Ibirapuera.
Para cada uma destas apresentações solo, Consuelo compôs canções
especiais. Os palcos pequenos, o clima intimista, tem lhe permitido novas
experiências com seu violão e seu público. Quem conhece seu trabalho sabe que
Consuelo jamais se repete, por mais tentadora que possa ser a possibilidade
daquilo que a maioria dos artistas mais almeja, o chamado “sucesso”. O
“sucesso” para ela é a empatia, a emoção, a consciência do que sua Arte provoca
no público, à flor da pele, no pulsar do sangue, no ritmo do coração.
Depois de O Tempo e o Branco, com acordeon, viola caipira e
voz, em arranjos sofisticados sobre poemas compostos inspirados em Cecilia
Meireles, esperava-se um mergulho em sua pura alma lírica, desvendando
complexidades - quem sabe o implemento
de um eruditismo sempre latente? Mas eis que Consuelo retoma fios de meada que
remetem à sua origem de batuques, congadas e contradanças e os shows solo, onde
se permite para nosso deleite, inteira liberdade, trazem à luz um intenso diálogo amoroso entre
ela e seu violão, do qual nascem canções praticamente prontas, ao mesmo tempo,
letra e melodia.
Consuelo, a palavra, público, violão: elos de um organismo
que se complementa simbioticamente. Estaria a artista lançando as bases
fundacionais de um próximo CD, já em gestação, cuja argamassa é o amor de um
coração brasileiro amalgamado pela capacidade de luta de um povo, cuja
essência, ela conhece como ninguém? Consuelo conhece seu país, é dessasa
artistas que torna seu público cúmplice de seu trabalho, daí o chamamento, tornado aqui palavra-chave,
enigmática.
Os movimentos do amor
e luta são trabalhados na quentura de seu sangue, de sua respiração,
temperado por sua ginga. Ela mesma afirma: “Cada
um de nós tem seu ritmo próprio e o mesmo só possível expressar plenamente num
trabalho. É isso que quero mostrar: minha respiração, minha ginga, meu pulso!”
E da parte que nos toca, nós que conhecemos, compreendemos e
admiramos seu trabalho, podemos dizer que sua arte encontra eco e ressoa
fortemente em nossas almas. Na alma do povo!
Ao chamamento junta-se,
simultaneamente, o seu jeito mineiro, onde se mistura toada, baião, samba,
valseados, modinhas, batuques diversos. No Teatro da Rotina, local privilegiado
dada a proximidade, veremos a artista em plena efervecência criativa:
apaixonada, sensível, sincera, inquieta. Para esse show especial deverá cantar
outros compositores e muito provavelmente teremos inéditas. Sorte de quem lá
comparecer e curtir suas criações recém nascidas, em estado puro!
A obra de Consuelo está pronta há muito tempo. Nasceu com
ela, com seu ser, nasceu com o mundo e igualmente acaba de nascer, pois sua essência
é fundamentalmente poética. E a
poesia, parafraseando Octávio Paz, antecede à linguagem e ultrapassa a
linguagem. Sua obra é um imenso bloco, do tamanho do país – que ela chama sua
Casa. Cada disco, uma nova ala da Casa que ela esculpe com denodo e carinho. E
depois de pronta, com seu imenso sorriso, nos convida a entrar, como atesta uns
versos seus:
Minha casa, te espera
Desde sempre, te espera!...”
INGRESSOS: comprando antecipadamente através do site do
www.teatrodarotina.org, R$ 20 reais; na bilheteria, R$ 40,00.
(Sugerimos acompanhar a página de Consuelo de Paula no facebook, onde pode ter
novidades sobre o show, ingressos, etc)
Aviso:
O Show de ANTONIO PEREIRA, anunciado aqui e que aconteceria na Casa dos Clarins, infelizmente foi cancelado