VEM AÍ “ENSAIOS SOBRE A QUARENTENA”, DE PEDRO VAZ

 

O termo “ensaios” chama a atenção. De largo uso nas ciências sociais, geralmente é sinônimo de reflexão. Os “Ensaios” do filófos francês, Montaigne, devem ser os mais famosos e conhecidos, onde todos os assuntos importantes na época foram referidos. “Ensaios sobre a Quarentena”, uma série de oito composições de Pedro Vaz, surgiram de reflexões impostas sobre o isolamento forçado de pessoas do mundo inteiro que viveram as conseqüências nefastas de uma pandemia, onde, a principio de espera que o isolamento seja breve e o mesmo se estende por tempo indefinido. Esses “Ensaios” musicais mostram a possibilidade de descortinarmos belezas mesmo num cenário sombrio.

Quem ouve os “Ensaios Sobre a Quarentena há de concordar que o violeiro Pedro Vaz foi daqueles aproveitaram o período de confinamento imposto pela Quarentena. E até  mesmo reverteu as expectativas desalentadoras, ao mostrar que na vida, situações de crise podem oferecer saídas e por isso vale a pena acreditar.




Considerações e motivações à parte, a evidência que salta que salta aos olhos é que Pedro Vaz encontra-se num grande momento, num auge criativo de altíssimo nível. Apesar de jovem, Pedro é artista experimentado e tem visão clara do seu trabalho: sabe o que quer e onde chegar. Seu jeito de tocar é moderno, pois é aberto à novas propostas, ao mesmo tempo em que agrega o estilo tradicional, enriquecendo-o.

 O jeito tranqüilo e discreto de Pedro o torna altamente receptivo ao mundo que o rodeia ao mesmo tempo que mantém um profícuo dialogo com o seu rico interior: disso, da percepção do mundo exterior e o diálogo com o interior de si, basicamente nasceram os “Ensaios”.

A viola caipira,  instrumento escolhido para expressar sua linguagem musical, não poderia ser mais adequado. No seu disco de estréia – “Dê Espaço ao Tempo” – predomina a poesia sem palavras, permeando todo o trabalho (http://www.sertaopaulistano.com.br/2018/11/a-viola-moderna-de-pedro-vaz.html).

No trabalho atual, as oito faixas dos “Ensaios”, embora esteja presente o espírito poético, é a introspecção o elemento-chave, aqui especialmente realçada pelo timbre característico da viola caipira.

Desde o lançamento do CD de estréia -  “Dê Espaço ao Tempo” -, que Pedro consolida sua contribuição para nossa música, revelando mais utilidades desse instrumento tornado tão brasileiro e tão universal, dada a sua versatilidade. A viola oferece muitas possibilidades, já tratamos disso em outros escritos. A aparentemente modesta violinha dança conforme a música: conhecemos a viola dolente e nostálgica do interior; a viola festeira do litoral e da catira (e suas variantes); a viola “roqueira” do Moda de Rock, de Ricardo Vignini (por sinal, produtor dos discos de Pedro) e Zé Helder. Também merece menção a viola de 9 cordas, de Valdir Verona, cuja sonoridade, a meu ver, sugere a transição (ou seria fusão?) do dedilhado barroco (alaúde, vihuela, tiorba) rumo ao modernismo e ao violão de Francisco Tárrega, Villa-Lobos, Agustin Barrios e todos..

Quando se fala em confinamento, a viola caipira teve o seu confinamento forçado na zona rural por muito tempo – desde que a urbana viola de arame deixou de ser protagonista nos salões da Corte Imperial Brasileira, ao ser substituída pelo violão. Desprezaram a viola, mandaram-na embora e na roça ela ficou, se aperfeiçoando até ter oportunidade de ressurgimento. Quando aconteceu, surpreendeu a todos pelo seu dinamismo. O resto é história, ricas histórias!




O estilo poético, intimista/introspectivo de Pedro só pode nos atirar ao futuro: a viola de Pedro não é triste, não é nostálgica, não evoca o tempo perdido, mas o tempo presente. E o que virá...

O disco será lançado apenas para o formato digital. A data oficial é 16/10/2020. Mais informações poderão ser obtidas nas redes sociais do artista, especialmente facebook.

 

SERVIÇO:

 Link para o Pré-Save: https://tratore.ffm.to/ensaiosobrea-quarentena







 

Apresentação  (Conteúdo obtido do ‘release’ da produção do álbum)

Ensaios Sobre a Quarentena é uma série de oito pequenas composições para viola caipira solo. Resultado de um mergulho introspectivo no processo composicional e nas emoções que surgiram no início do isolamento social devido à pandemia da Covid-19.

A série foi composta por Pedro Vaz na segunda quinzena de março de 2020. Gravada em sua casa no dia 15 de agosto do mesmo ano por Jefferson Amorim, Brasília-DF. Mixada e masterizada por Ricardo Vignini no estúdio Bojo Elétrico, São Paulo-SP. A arte da capa foi feita pela artista goiana Thayna Rodex e finalizada pela designer Letícia Coelho.

 

A viola caipira como antídoto para dias difíceis

O músico Pedro Vaz lança o EP “Ensaios Sobre a Quarentena”, seu segundo trabalho solo, em que reúne composições que brotaram durante o silêncio do distanciamento social.

 

Em um dos episódios mais emblemáticos deste que será lembrado como “o ano da pandemia”, cidadãos italianos começaram espontaneamente a cantar a partir de suas janelas. Era uma forma de amenizar o isolamento imposto pela crise. A pandemia mexeu com todos – e, com o violeiro Pedro Vaz, não foi diferente. Na segunda quinzena de março, esses sentimentos começaram a extravasar na forma de composições instrumentais curtas, que agora estão reunidas no EP “Ensaios Sobre a Quarentena”. Gravado por Jefferson Amorim, mixado e masterizado por Ricardo Vignini, o trabalho chega às plataformas em 16 de outubro.  A capa é assinada pela artista goiana Thayna Rodex, com design de Letícia Coelho.

 

Praticamente ao mesmo tempo em que foram compostos, os temas foram exibidos em “janelas virtuais” numa espécie de diário de composição. Ao longo da segunda quinzena de março as miniaturas musicais foram criadas e postadas em forma de vídeo caseiros nas redes sociais. “As idéias foram surgindo e eu fui experimentando, buscando outros caminhos na viola e fazendo disso um exercício composicional, um desafio”, explica Vaz. O resultado surpreendeu o próprio músico pela forma orgânica como os temas se encadeiam, possibilitando a interpretação em sequência, como uma suíte.

 

Além de dar vazão à expressão artística, a “obra em progresso” nas redes sociais proporcionou outros retornos. “Recebi mensagens e comentários de algumas pessoas falando que os vídeos tinham trazido um pouco de beleza e conforto para o dia delas, que achavam bacana como eu estava canalizando o tempo para produzir e outras palavras de incentivo. Era um momento de muito medo, muita incerteza”, lembra. Apesar das circunstâncias, os oito “Ensaios Sobre a Quarentena” não transmitem angústia. Pelo contrário, eles ser alternam entre o meditativo e o lúdico.

 

Se o trabalho anterior de Pedro, o álbum “Dê Espaço ao Tempo” (2018), traz outros instrumentos a uma narrativa elaborada, como um romance, o EP se assemelha a uma coleção de haicais ou aforismos de viola solo. Musicalmente, esses temas exploram caminhos pouco trilhados na produção violeira mais tradicional. “Tentei brincar com coisas pouco usuais, trazer outras referências e fugir dos clichês”, explicaDaí a presença do modalismo, dos intervalos de 5ª e 4ª Justas e dos delays na ambiência sonora, que dão um sabor diferente, um flerte com a world music ou com o rock. “Nada vanguardista, são apenas sonoridades vindas de outras influencia”, acrescenta.

 

Para lapidar a dimensão sonora do projeto, Pedro Vaz retomou a parceria com o também violeiro Ricardo Vignini, que produziu “Dê Espaço ao Tempo”. Virtuose das 10 cordas, Vignini possui uma expressiva carreira solo e integra o duo Moda de Rock e o grupo Matuto Moderno. Trabalhou com nomes de peso, como: Lenine, André Abujamra, Liminha e muitos outros. Já se apresentou nos EUA, Canadá, Europa e América Latina. Acumula grande experiência na produção musical, especialmente ligada a viola. Além de mixar e masterizar os “Ensaio Sobre a Quarentena”, Vignini tocou sua “viola slide” no “Ensaio nº 5”.

 

 

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