...e afinal, consolida-se o tempo da volta das atrações artísticas em nossa cidade: pausa na azáfama, agitações e outras controvérsias para apreciar o que de bom a cidade e nossos fantásticos artistas tem a nos brindar. É com imensa alegria que divulgamos o grande evento no próximo fim de semana, no Centro Cultural Santos Amaro.
Sem exageros: podemos encher o peito de ar e proclamar com orgulho, pois será espetáculo de primeira grandeza e quem for não esquecerá tão cedo.
HOMENAGEM A MODA CAIPIRA
Para os amantes da cultura caipira, prato cheio! Ou melhor, oito “pratos cheios até a borda”, divididos em duas rodas de viola que darão o que falar, pois dizem muito de nossa viola caipira e suas possibilidades.
É quase já e já! Hoje é dia 17 de agosto e acontecerá nos dias 20 e 21 de agosto, ou seja, logo ali – nem deu tempo para fazer uma pesquisa mais detalhada dos estilos de cada um, pois, demandaria algum tempo para fazer um release decente.
Mas, pensando bem, como são todos artistas consagrados e com vasto currículo, só os nomes já é satisfação garantida. Será um tributo aos grandes cantores e compositores que ao longo de décadas formataram um gênero muitíssimo representativo de nossa vida interiorana. Desde a moda Jorginho do Sertão, originária do folclore paulista – a cena se passa num cafezal – que foi adaptada por Cornélio Pires e gravada inúmeras vezes, tornada um clássico. Falar em clássico, pausa para referenciar Cornélio Pires, paulista de Tietê. Muito cedo, viajando pelos interiores do estado, descobriu a imensa riqueza contida na figura misteriosa do caipira, desvendando-lhe as histórias, trágicas ou bem humoradas. Foi quem levou ao publico urbano os causos, os ritmos.
Cornélio Pires
Não seria exagero dizer que Cornélio Pires é a própria cultura paulista. Folclorista e ativista do caipirismo, dentre outras atividades, confunde-se com o próprio gênero que difundiu. Breve parêntesis, para também citar a importância do sobrinho de Cornélio, o Capitão Furtado.
Uma historieta que poderia muito bem ser uma anedota resume de maneira apropriada o que significaram na nossa vida cultural: trata-se da invenção da dupla Tonico e Tinoco, os irmãos João e José Peres, filhos de um imigrante espanhol de León, chegado ao Brasil no fim do século XIX, casado com a brasileira Maria do Carmo. Oriundos da roça, após muitas peripécias vieram para São Paulo e apresentavam-se como os Irmãos Peres.
Conta-se que o Capitão Furtado, apresentador do programa “Arraial da Curva Torta”, cismou que Peres não era nome de dupla caipira. Então, decretou:
“Vocês serão Tonico e Tinoco.Você Tonico e você Tinoco. Ou vice-e-versa.”
Assim se tornaram a “Dupla Coração do Brasil.”
Fidelíssimos às suas raízes, devemos a eles o genuíno linguajar caipira nas músicas, provavelmente sob orientação de Cornélio e/ou seu sobrinho Capitão Furtado. O forte acento dos “ê” (agardecê, elegê, batê, tarde, descê, etc.) é genuíno nheengatu, a Lingua Geral que era falada no Brasil antes da chegada de D. João VI. A língua era uma mistura de português arcaico, espanhol e tupi e outros troncos linguisticos. Com a chegada do Imperador a Lingua Geral foi banida, mas ainda é falada em alguns rincões do Brasil até os dias de hoje, bem como em partes da Colombia ou Venezuela. Mesmo nós, caipiras urbanos, vez ou outra falamos um pouco de nheengatu ou neengatu.
Bom, dado o em cima da hora, essa prosa foi curtinha, tempo pr'um cafezinho, só pra dar a boa nova!
As apresentações neste fim de semana certamente deverão abordar as Raízes e os Frutos do caipirismo, dadas as diferentes origens dos violeiros:
Sabado, dia 20 de agosto de 2022:
Bruno Sanches (Regente Feijó, SP),
Cláudio Lacerda,(São Paulo, SP),
Osni Ribeiro (Botucatu, SP)e
Ricardo Vignini (São Paulo, SP).
Domingo, 21 de agosto de 2022:
Luiz Salgado (Patos de Minas/Itajubá, MG),
Rodrigo Zanc (Araraquara, SP),
Wilson Teixeira (Avaré, SP) e
Zeca Collares (Grão Mogol, MG).
SERVIÇO:
Entrada Franca.
Centro Cultural Santo Amaro – Teatro Leopoldo Frões
Av João Dias, 822 –
Dica: estações de metrô próximas: Alto da Boa Vista, Largo Treze e Adolfo Pinheiro